Entre as dez rotas mais movimentadas - aquelas com maior quantidade de voos regulares -, as oito que mais atrasam saem de Cumbica ou Congonhas. Segundo a Anac, o passageiro pode se preparar para esperar principalmente nos voos entre Guarulhos e Brasília, Porto Alegre, Rio e Salvador, não importa a companhia. Outras rotas de grande movimento com índice de atraso próximo a 25% são as de Congonhas para Brasília, Curitiba, Santos Dumont e Belo Horizonte.
Em 2010, só a Webjet atrasou ou cancelou mais da metade (52,5%) dos voos para Porto Alegre. E a cada dez voos entre Cumbica e Salvador, a TAM atrasa ou cancela quatro. Segundo a Anac, as duas empresas tiveram os piores índices de eficiência operacional em 2010.
"Espera. Passageiros na fila em Cumbica; para companhias, áreas de check-in e embarque são muito distantes uma da outra" |
A 'complexidade da malha' e o fato de operar em aeroportos de alta demanda é o motivo apontado pela TAM para os atrasos. 'Mantemos parcerias com empresas de vários países, o que torna a nossa malha ainda mais complexa e suscetível a imprevistos inerentes ao setor.'
A Webjet diz que 'o intenso tráfego aéreo para pouso e decolagem é o motivo predominante' para os atrasos e que os índices de pontualidade ficaram 'desgastados' em função da grande movimentação nos horários de pico de cada aeroporto.
Mas, no geral, todas as companhias pioraram o desempenho em 2010 em relação ao ano anterior, com exceção da Gol, que se manteve com pontualidade entre 89% e 90%.
A Avianca credita os atrasos a condições meteorológicas adversas e ao aumento do tráfego aéreo. 'Passamos por uma etapa de acomodação, com a incorporação de novos Airbus A319, o que de certa forma pode ter afetado os índices', diz a empresa em nota. Ela também aponta que a operação em Cumbica 'é bastante complexa', por causa da saturação do terminal e das distâncias entre check-in, salas de embarque e posições remotas. 'Trata-se de um aeroporto cuja logística é mais sofisticada.'
O índice de pontualidade da Azul caiu de 94 pra 84% de 2009 para 2010. 'Para uma empresa que cresceu mais de 100% no último ano é perfeitamente aceitável que sua pontualidade sofra essa pequena queda', diz a companhia, em nota.
Falhas. 'Existe um problema de gestão de aeronaves, tanto no ar quanto no chão, que contribui para esses atrasos', diz o presidente da Associação Nacional de Infraestrutura em Transportes (Andit), João Virgílio Merighi.
'Precisa haver uma parceria efetiva entre a empresa e o aeroporto para que cada etapa do processo de embarque dê certo', afirma o presidente do Instituto Cepta, de estudos e análises da aviação, Respício Espírito Santo. 'Todo o sistema mostra uma grande ineficiência na hora de lidar com essa quantidade de passageiros que está chegando.'
O engenheiro mecânico Cláudio Manoel Ferreira, de 35 anos, vai toda semana de São Paulo a Curitiba e acredita que a infraestrutura dos aeroportos é determinante para o atraso. 'É fila no check-in, fila para embarcar, fila no raio X. Tudo isso influi.'
De janeiro a julho deste ano, a Anac recebeu 2.657 reclamações só por atrasos de voos. O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) diz que o número é 'ínfimo' perto da quantidade de voos. De janeiro a junho, os aeroportos brasileiros registraram 1,3 milhão de pousos e decolagens domésticas.
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