Grupo12Horas.Aérea

Os desafios na aviação civil

O modelo de financiamento das infraestruturas aeroportuárias será o principal ponto a ser discutido pela Secretaria da Aviação Civil, a SAC, instaurada pela Medida Provisória 527. O panorama atual aponta para o início das discussões entre governo e iniciativa privada, já que caminhamos para um ambiente regulatório estável, elemento que garante o devido resguardo, do ponto de vista institucional, para os envolvidos no processo de financiamento da infraestrutura dos aeroportos.


A MP reorganizou os atores governamentais responsáveis pela aviação civil no Brasil. Instituiu a SAC, órgão com status de Ministério e integrante da Presidência da República. Também transferiu todas as competências em matéria de aviação civil, até então atribuídas ao Ministério da Defesa, para a recém-instaurada secretaria. Por fim, passou parte das atribuições da Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC, subordinada ao Ministério da Defesa, para a SAC - sobretudo aquelas ligadas a atividades de natureza estratégica para a definição dos rumos das infraestruturas aeroportuárias. A exemplo do que fez com a ANAC, a MP manteve a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, a Infraero, institucionalmente vinculada ao Ministério da Defesa. Será a SAC, entretanto, o órgão responsável por definir quais os aeroportos operados e administrados pela Infraero. Por fim, a 527 estabeleceu que a presidência do Conselho de Aviação Civil, o CONAC, será exercida pelo Secretário de Aviação Civil e não mais pelo Ministro da Defesa.


Ao proceder a esta adequação, a medida afirmou o papel central que a SAC terá nesse momento de busca pela modelagem ideal do financiamento das infraestruturas aeroportuárias. Assim, estão entre as competências da SAC a elaboração de estudos e projeções sobre as infraestruturas aeroportuárias e a formulação e a implementação do planejamento estratégico do setor, definindo prioridades dos programas de investimentos. De forma reflexa, a ANAC teve reafirmado seu papel de órgão fiscalizador do cumprimento das políticas para o setor, e o Ministério da Defesa, de órgão responsável pela aviação militar e pelo controle do tráfego aéreo - que continua sob seu comando.


O estabelecimento desse novo cenário, sob ótica regulatória, traz ares bastante positivos ao setor. Isso porque, ao destacar um órgão e dotá-lo do ferramental necessário para a discussão do modelo de infraestrutura aeroportuária, o governo facilita a interface com a sociedade civil e garante segurança jurídica às partes. Agora, pode-se saber de maneira clara de onde vêm as decisões, quando e como serão cumpridas. De quebra, permite que as discussões sejam feitas por meio de um órgão especializado no assunto, uma instância que trata apenas de aviação civil - mais especificamente das infraestruturas aeroportuárias.


É nesse ambiente que serão analisadas as vantagens - que, a nosso ver, são muitas - do financiamento das infraestruturas aeroportuárias pela iniciativa privada. Haverá condição para observar a eficiência de se adotar o modelo das concessões comuns - já consagrado em outros setores como o rodoviário, por exemplo - para aqueles aeroportos nos quais as operações seriam superavitárias. Também será possível pensar em um mecanismo de PPP - concessão patrocinada ou administrativa, ou mesmo de subsídio cruzado, pela operação de outras atividades ou de um pool de aeroportos - para os casos em que a cobrança de tarifas não seria suficiente para remunerar o concessionário. Não está descartada a possibilidade de a Infraero continuar operando alguns aeroportos, em um regime misto de operação entre governo e iniciativa privada. Tampouco está descartada a possibilidade de abertura de capital da Infraero, o que poderia ser mais um elemento da parceira entre governo e iniciativa privada na realização dos investimentos no setor. Também é importante destacar que a MP aponta para a consignação de uma maior autonomia a estados, Distrito Federal e municípios na operação ou na condução dos processos de outorga de aeroportos regionais ou locais.


Após análise preliminar da MP, a sensação que fica é a de que, sob ponto de vista regulatório, o governo está pronto para iniciar as discussões do modelo de financiamento das infraestruturas aeroportuárias com a iniciativa privada - que vem aguardando com grande expectativa esse momento. Com a nomeação de Wagner Bittencourt para o comando da secretaria, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos para saber qual será o viés político que o governo adotará para o setor.

Fonte/Via: Fábio Falkenburger e Lucas de Moraes Sant'Anna - O Estado de S.Paulo
Este conteúdo divulgado neste Blog, Sempre é citado como fonte e o link de referência. O conteúdo divulgado e de Responsabilidade de:Samuel Pereira

Grupo12Horas.Aérea

About Grupo12Horas.Aérea -

Author Description here.. Nulla sagittis convallis. Curabitur consequat. Quisque metus enim, venenatis fermentum, mollis in, porta et, nibh. Duis vulputate elit in elit. Mauris dictum libero id justo.

Subscribe to this Blog via Email :
© Copyright 2017 12Aérea News. Designed by HTML5 | Distributed By . G12horas.Aerea.