O plano de poupança da TAP, apresentado ao Governo em resposta à imposição de cortes de 15 por cento nos custos operacionais, inclui renegociações com as agências que vendem os seus voos, compras conjuntas dentro da rede da Star Alliance e redução do combustível a bordo para diminuir o preço pago pela tonelagem. Também vai haver uma análise mais intensiva da operação, que culminará na utilização de aviões mais pequenos quando o número de passageiros for menor do que previsto.
No total, a transportadora, detida pelo Estado, comprometeu-se a poupar até 200 milhões de euros, entre 2010 e 2012. A proposta entregue ao executivo, no dia 30 de Novembro, fica aquém da meta fixada, já que cortar 15 por cento nos custos significaria chegar aos 320 milhões de euros. Uma diferença que a TAP quer compensar com aumento das receitas, já que argumenta que seria obrigada a reduzir o número de voos para concretizar os objectivos inscritos no Orçamento do Estado para 2011.
O plano inclui 150 medidas de contenção, seleccionadas "sem intervenção de consultoras externas", para não criar custos extraordinários, explicou a empresa. Há projectos mais pequenos, como a mudança de lâmpadas para soluções mais económicas, cujo impacto é de 123.500 euros por ano. Ou a "optimização da gestão de impressão documental", que trará mais 27 mil euros anualmente.
Mas há outras decisões mais significativas, que vão gerar mais encaixe financeiro e provocar mudanças mais profundas na gestão da empresa, que, no ano passado, sofreu prejuízos de 3,5 milhões de euros e apresentou custos operacionais de 2,1 mil milhões. É o caso da "intensificação da análise da operação", que vai passar a ser feita a apenas três semanas da realização dos voos, o que permitirá utilizar aviões mais pequenos, quando as reservas não corresponderem ao previsto. Só esta medida permitirá poupar até 15 milhões de euros por ano.
A implementação de nova tecnologia na oficina de motores da unidade de manutenção, com recurso à rádio frequência, vai gerar mais oito milhões de euros, apurou o PÚBLICO. E a redução de combustível a bordo, em viagens de curta distância, como um voo Lisboa-Paris, alcança praticamente três milhões anualmente. Isto porque, actualmente, a TAP paga um custo elevado pela tonelagem dos aviões, "mas não é necessário levar o peso máximo em todas as ligações", explicou fonte oficial da empresa.
Fazem ainda parte do plano compras conjuntas dentro da rede da Star Alliance, da qual faz parte desde 2005, nomeadamente na aquisição de "etiquetas de bagagem e cartões de embarque", o que trará poupanças de 120 mil euros. E está ainda previsto o fecho de duas lojas no Brasil (Curitiba e Porto Alegre). Neste caso, serão poupados 300 mil euros.
Está também a ser negociada uma redução dos preços pagos à rede de distribuição (agências de viagens) para ter o produto TAP no mercado. A empresa referiu que há "contactos em curso", sem querer adiantar, para já, mais pormenores ou as estimativas de poupanças. Sabe-se apenas que a ideia é encontrar uma solução menos dispendiosa, sem "prejudicar os parceiros" de negócio.
Reafirmando que não vai haver despedimentos na companhia de aviação, o grupo continuará a seguir uma política de emagrecimento em negócios menos rentáveis, como o handling (do qual vão sair mais de 300 pessoas, por causa do encerramento da escala da Groundforce, em Faro) e a manutenção no Brasil, onde tem havido dispensas e reduções de horários e salários.
Principais pontos do plano de poupanças
15 milhões
A TAP vai passar a programar a operação a três semanas da realização dos voos, o que permitirá uma melhor adequação dos aviões ao número de passageiros com reservas. Se for menor do que o previsto, utilizará aviões mais pequenos. O contrário também se passará, alternando a ligação para o equipamento maior, o que aumentará as receitas.
8 milhões
A implementação de sistemas com tecnologia de rádio frequência na oficina de motores da unidade de manutenção vai gerar poupanças de oito milhões de euros anualmente, seguindo uma medida que já tinha sido tomada para outras áreas.
3 milhões
Para algumas rotas, a TAP passará a reduzir o combustível a bordo, de modo a diminuir os custos pagos pela tonelagem nos aviões. O tanque dos equipamentos passará a não voar cheio em ligações como Lisboa-Paris, por exemplo.
Agência de viagens
Ainda não é conhecida a poupança com a negociação que está a ser feita com o canal de distribuição dos voos, porque os contactos estão em curso. Mas prevê-se um impacto expressivo.
571 mil euros
Haverá medidas mais pequenas, como o encerramento de duas lojas no Brasil, que permitirão poupar 300 mil euros anualmente. Assim como compras conjuntas dentro da rede da Star Alliance (120 mil euros) e a substituição de lâmpadas por soluções mais económicas (123 mil euros). Também haverá cortes na gestão da impressão documental (27 mil euros).
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| (Foto: Raquel Esperança/arquivo) |
Via:publico.pt
