Caos nos aeroportos frustra passageiros durante o Natal

A equipe do Fantástico flagrou cenas de um homem que se descontrolou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Foi sexta passada (24), véspera de Natal. Uma sequência de eventos levou o homem à explosão emocional. A equipe de reportagem acompanhava o movimento no aeroporto quando, de repente, ele se exaltou pela primeira vez.

Franklin vai para o lado de fora do aeroporto. Diz que mora na capital paulista, economizou o ano todo e comprou a passagem para Aracaju, Sergipe, há quatro meses. Quando chegou ao aeroporto, foi informado de que não poderia passar o Natal com a família.

“Colocaram um passageiro no meu lugar e a mulher está falando assim: ‘Se você quiser, você vai viajar às 22h. Peguei um táxi, vim para cá da minha casa. Agora eu vou ter que voltar para minha casa, depois vou ter que voltar para cá de novo. Vou ter que voltar nada, porque eu vou fazer zona aqui. Nem que me levem preso, mas que eu vou dar um jeito de pegar esse voo. Eu vou causar um transtorno aqui, eu vou, porque isso é palhaçada”, protestou Franklin.

Era a primeira vez que o casal e o futuro filho viajam de avião. O primeiro transtorno num aeroporto brasileiro.

“Minha mãe não me viu grávida ainda. É a única oportunidade que tem de ela me ver, porque depois a gente volta a trabalhar e eles também. Eu tenho que dar um jeito de ir agora. Tem que dar um jeito”, comentou a mulher de Franklin.

O clima nos aeroportos foi tenso a semana inteira. Uma greve de aeronautas e aeroviários estava marcada para quinta passada (23), mas acabou sendo suspensa. Nesse dia, mesmo sem a paralisação, 40% dos voos atrasaram no país. Na sexta (24), os atrasos ficaram em 20%.

O Aeroporto de Guarulhos foi construído na década de 1970, com capacidade para 17 milhões de passageiros por ano. Mas só em 2010, até o mês de outubro, 22 milhões de passageiros tinham passado pelo maior aeroporto do país.

Com um bilhete na mão, Antônio esteve em três aeroportos. De São José do Rio Preto, a companhia o deslocou para Congonhas. O voo em Congonhas foi cancelado e ele teve que vir para Cumbica, onde ocorreu um novo cancelamento. Ele teve que ficar num hotel durante a noite. Esperou dois dias para embarcar para Fortaleza. As bagagens foram, mas ele não. “Ninguém me informou nada. Agora está ai: sem roupa. Estou só com a roupa do corpo”, comentou Antônio.

Antônio, analfabeto, não conseguiu encontrar o portão de embarque. Ele já tinha viajado quatro vezes antes de avião, mas sempre pelo Aeroporto de Congonhas. Encontramos várias outras reclamações num mar de gente, portas e portões.

“Eles falaram que o voo que a gente ia viajar já embarcou com outras pessoas. Que a gente chegou atrasado. Na verdade, a gente veio com uma hora de antecedência”, disse a empresária Olivia Ricarde.

Franklin, o homem que comprou a passagem com antecedência e mesmo assim não conseguiu embarcar no horário marcado para Aracaju, quer respostas. “Cadê alguém pra falar comigo para devolver meu dinheiro?”, pergunta. Ele faz uma contagem regressiva. Na sequência, acontece a cena em que Franklin joga o totem no balcão.

Em nota, a TAM alegou que não houve overbooking. Ou seja, que não foram vendidas mais passagens do que a quantidade de lugares no avião. No caso de Franklin, segundo a empresa, ocorreu mudança para uma aeronave menor e por isso ele teria ficado sem lugar no voo.

A TAM informou também que providenciou a alimentação do casal e que acomodou Franklin e a mulher num avião para Salvador. Os 350 quilômetros restantes da viagem até Aracaju foram feitos por via terrestre.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estima que este mês o número de embarques e desembarques nos aeroportos brasileiros deva chegar a 14 milhões, um crescimento de 12% em relação a dezembro do ano passado.

“Tem sido um desafio para todos do setor manter um padrão de serviço dado o crescimento que nós temos tido”, afirmou a presidente da Anac, Solange Paiva Vieira. 
 

Via:Portal MS - Notícias