A reunião só começa pelas 15 horas, na sede do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), mas este é um caso em que é fácil conhecer o prognóstico antes do final da partida. Com a direcção do Sindicato a aconselhar os seus membros que rejeitem o protocolo negociado entre a TAP e o SNPVAC, é certo que alguns dos voos da companhia aérea nacional vão continuar a ser realizados sem serviço de bordo até ao final do Verão.
Ainda assim, a TAP está optimista e diz que, mesmo que o acordo não passe na assembleia geral extraordinária do sindicato do pessoal de voo, a situação será "amenizada a partir do final do mês", diz fonte oficial da companhia aérea ao Diário Económico.
Do lado do Sindicato, numa altura em que cinco dos membros da direcção pediram demissão de funções, as indicações são para não aceitar o acordo. "Vamos dar indicação para que o acordo não seja aprovado", diz Cristina Vigon, explicando que este foi "o acordo possível perante a situação de se ter ultrapassado administrativamente o que está previsto no acordo de empresa sem dar cavaco ao sindicato".
Na prática, isto significa que, e de acordo com um documento a que o Diário Económico teve acesso, "a contagem de tempo de voo e de trabalho [seja] majorada em mais 100%" nos casos em que os tripulantes de cabina aceitem prestar serviço aos passageiros apenas com as tripulações de segurança. Nestes casos, a equipa tem menos um elemento do que as tripulações tipo, que tem como função garantir a segurança, mas também assegurar o serviço aos passageiros, incluindo servir refeições e vendas a bordo (Ver análise na página ao lado). E a decisão de prestar ou não serviço aos passageiros com menos um elemento cabe ao chefe de cabina. "Compete ao chefe de cabina determinar de acordo com as condições de voo e o número de passageiros, e depois de garantidas as condições de segurança, se tem condições para fazer o serviço de bordo", diz fonte oficial da TAP.
"Há contratação colectiva e tentamos uma solução que seria um mal menor, já que dava a possibilidade aos tripulantes de decidirem ‘in loco' e seria determinado no tempo uma vez que terminava com o verão IATA", explica a presidente do SNPVAC. Mas agora Cristina Vigon diz que mesmo esta solução lhe parece "arriscada": "É uma forma de aos poucos ir comprando as pessoas e acabar por vir a por em causa a segurança".
Alguns dos voos de médio curso da TAP - a companhia diz ainda não ter disponível o número de voos já afectados por esta situação - continuarão, assim, a ser realizados sem o serviço de bordo. Para minimizar o problema a companhia tem optado por entregar refeições ligeiras à entrada do avião.
Sindicato perde membros da direcção
A meio da polémica que separa a TAP dos tripulantes de cabina e que afecta a qualidade do serviço prestado pela companhia aérea nacional, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil viu saírem três dos elementos efectivos da direcção. A estes deverão juntar-se mais dois elementos suplentes .
Estas demissões "tem um pouco a ver com este protocolo", confirma ao Diário Económico Cristina Vigon, acrescentando que alguns dos elementos demissionários estão também ligados aos processos negociais relacionados com a PGA, companhia do grupo TAP, e com a SATA. Para já, o sindicato está a proceder à substituição destes elementos por elementos suplentes.
De acordo com a mesma fonte, os elementos que agora abandonaram a direcção do Sindicato não estavam de acordo com o protocolo negociado com a TAP e exigiam que a assembleia geral extraordinária marcada para hoje à tarde fosse desconvocada. Cristina Vigon diz que "estatutariamente isso não era possível".
Fonte:DiarioEconomico.com por Hermínia Saraiva
