No ano findo, o sector dos transportes aéreos em Angola ficou marcado, entre outros aspectos, pelo levantamento parcial da interdição da companhia aérea de bandeira (TAAG) de voar para o espaço europeu, sendo-lhe agora permitida a realização de 10 frequências semanais para Lisboa, Portugal.
Se em Julho de 2007 a TAAG havia sido incluída na chamada “lista negra” - companhias proibidas de voar para a Europa, por alegados “problemas graves de segurança”, o que a forçou a desdobrar-se no aluguer de aeronaves de companhias como a cabo-verdiana (TACV) ou a espanhola Air Comet para transportar os seus passageiros para o espaço europeu -, Agosto de 2009 representou uma virada neste cenário.
Com efeito, a 1 de Agosto de 2009 a Comissão Europeia anunciou o levantamento condicional da proibição de realização de voos para a Europa (Lisboa), sendo permitida a realização de voos TAAG nesta rota, na qual vem usando o Boeing 777, o que por si só representa ganhos económicos consideráveis para a empresa que vem atravessando alguns “apertos” financeiros.
Conforme a nota oficial do Comité de Aviação Civil da União Europeia, a decisão constitui “o reconhecimento público do esforço que a companhia tem vindo a desenvolver no sentido de assegurar os necessários padrões de segurança, qualidade e fiabilidade”.
A decisão é também um “voto de confiança no processo de reorganização do INAVIC (Instituto Nacional de Aviação Civil), cuja actuação determinada ao longo dos últimos meses foram essenciais para assegurar a credibilidade de todo o sector de transporte aéreo de Angola”, advogava o documento.
Relativamente ao processo de reentrada na IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos), a TAAG concluiu a rigorosa auditoria IOSA “com 100 porcento de conformidade em relação aos padrões internacionais”, sendo-lhe atribuído o correspondente certificado em Novembro último, aventando-se o levantamento completo da proibição de voar para o espaço europeu no anos acabado de começar.
No entanto, a visão estratégica da comissão de refundação da TAAG possibilitou a abertura/reabertura de outras rotas, em 2009, como São Paulo (Brasil), Havana (Cuba) e Cidade do Cabo (África do Sul), de modo a melhor rentabilizar os seus voos. Ainda com esse fim, pós em prática a parceria com a transportadora aérea moçambicana (LAM), cujos aparelhos ligam as cidades de Maputo a Luanda e vice-versa.
Se a TAAG tem os “olhos” postos noutros destinos, Angola também tem merecido a atenção e preferência de companhias congéneres, como a alemã Lufthansa, a Cubana Aviation e a Fly Emyrates (Emiratos Árabes Unidos), que no ano findo começaram a voar para Luanda.
Pela negativa, no sector aeronáutico, no ano findo ficou o registo do despiste de um avião de carga da Força Aérea Angolana do tipo Ilyushin-76, ocorrido em finais de Agosto, nos arredores do Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, quando se preparava para levantar voo.
O acidente causou o ferimento a duas pessoas e a aeronave partiu os treines de aterragem, bem como danificou a parte de baixo, ficando o avião a escassos metros de residências na zona do Catinton, arredores do aeroporto de Luanda.
Segundo recomendações da ICAO (Organização Internacional da Aviação Civil), nos próximos tempos, o controlo e gestão dos acidentes aéreos em Angola será da responsabilidade de uma instituição autónoma ao Inavic, cujo período de entrada em funcionamento e denominação concreta devem ser definidos este ano pelo Ministério dos Transportes.
Ainda para este ano, esperam-se novos desafios para a TAAG, quer a nível da sua internacionalização, chegando a novos destinos, assim como está na forja a renovação e ampliação da sua frota, com a possível aquisição de novas aeronaves.
Outros desafios se afiguram a companhias nacionais como a Diexim Expresso, Sonair e Air 26, além de destinos internos, se propõem a estender a sua actividade a outros destinos, sobretudo regionais, estando por isso a passar por um processo de recertificação pelo Inavic, que deve culminar precisamente este ano.
Já a Air Geimini, a Alada e a Planair são as companhias que mais decresceram no mercado nacional, deixando de operar em muitas localidades que estão agora a ser operadas pelas demais.
FONTE:AngolaPress Por: Carlos Benedito