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População ainda tem medo de andar de avião


Desde a queda do avião da SATA no Pico da Esperança, em São Jorge - fez ontem dez anos - que entrar num avião, sobretudo de Inverno, é um autêntico pesadelo para os florentinos.

Hoje, a generalidade das pessoas, familiares e amigos de muitas das vítimas que seguiam no voo SP530M entre Ponta Delgada e Flores, já refez as suas vidas e aprendeu a ultrapassar, no dia a dia, a tristeza da perda humana. Mas há um momento em que acordam o 'fantasma': quando entram a bordo de um ATP, ou de um dos novos aparelhos DASH, da companhia aérea açoriana. É nessa altura que o trauma mais se evidencia.

"Desde o acidente em São Jorge que entrar no avião acorda o trauma para os florentinos", diz Marco, o homem que está por trás do balcão do "Lucino's", um dos poucos bares que fecha depois da meia-noite em Santa Cruz, a principal vila das Flores.

O medo é sentido por mulheres grávidas, doentes oncológicos e pessoas que precisem de acompanhamento especializado, incluindo jovens a estudar em universidades. "Quando entramos no avião e ele abana, achamos que vai cair", diz outro habitante das Flores.

Na mais ocidental ilha açoriana, viaja quem tem necessidade e não tanto por lazer, sobretudo nos últimos e primeiros meses do ano, quando são muito frequentes os ventos fortes, cruzados e a nebulosidade.

Ontem, num dia que assinalou o décimo aniversário do fatídico acontecimento, as poucas pessoas que deambulavam pelas ruas da vila não faziam grandes comentários sobre o assunto. Como que a tentar não remexer no 'baú' das recordações tristes.

António, empresário, é um amante dos ares que faz simulações de voo no computador.

Também sabe que os pequenos aviões turbo-hélice da SATA estão sujeitos a abanar com maior frequência e intensidade nas aterragens e descolagens a partir das Flores (e também de São Jorge) do que nas outras ilhas, dada a instabilidade meteorológica.

Mas esse condicionalismo, na sua opinião, devia ser mais tido em conta pelos pilotos dos aviões, que têm à sua responsabilidade a decisão de realizar ou cancelar voos.

"Os pilotos arriscam em demasia as viagens para as Flores, ultrapassando, por vezes e de forma excessiva, os limites de segurança. Será que um piloto pode ser responsável pela vida de 60 pessoas a bordo? Não, não pode. Se quiser morrer isso é lá com ele...", desabafa.

António perdeu alguns amigos há uma década na tragédia que chocou as ilhas e o Continente . De igual modo, não esquece os dois acidentes na ilha com aviões militares franceses.

Nessa altura, não houve vítimas mortais a lamentar, mas vaticina a possibilidade de uma nova tragédia. Sobretudo se os comandantes da SATA continuarem a aterrar com rajadas de vento que fazem desalinhar o avião na aproximação a terra, não raras vezes "quase fazendo com que a asa do aparelho bata no chão..."


FONTE:sapo.pt

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