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Há piratas a bordo da TAP: são sindicalistas

A vida de uma companhia aérea é difícil. Não é só a turbulência nos céus; a tempestade económica é ainda mais ameaçadora. Este ano a indústria estima perder globalmente 7,7 mil milhões de euros. Para o ano a previsão é menos radical, mas ainda assim o altímetro indica novo prejuízo galáctico: acima dos 4 mil milhões. A TAP, claro, navega pela mesma bússola: o ano passado, 285 milhões no vermelho; este ano talvez fique a zeros, mas ainda será precisa muita ginástica contabilística e muita contenção orçamental para evitar novo rombo nos ares.

Com a companhia nos cuidados intensivos, seria de prever (para um crédulo) que os mais de 10 mil orgulhosos funcionários da TAP estivessem relativamente preocupados com o futuro imediato - o próprio e o da companhia. Não se esperariam elogios comoventes, cantares tiroleses ou juras de fidelidade canina. Apesar da época, já ninguém acredita no Pai Natal. Mas também não se esperaria exactamente o contrário.

É isso que está a acontecer. Em pleno período natalício, vital para as companhias aéreas salvarem as contas num ano acidentado - a segunda quinzena de Dezembro vale o mesmo que o pico de Agosto -, a comissão de trabalhadores da Groundforce decidiu enviar um simpático e-mail para terminar o ano em gloriosa apoteose. No email, a dita comissão recorda aos mais desatentos um acidente recente que teve como protagonista um avião da Transat (Canadá) enquanto era reparado nas oficinas da TAP.

Sempre num tom de descabelada ironia, apesar da delicadeza do tema, o email anexava o filme do acidente e despedia-se estabelecendo uma relação directa entre o despiste ocorrido no Brasil e a administração de Fernando Pinto: "Mais uma medida 'brilhante' da gestão da TAP, tal como muitas que sofremos."

Não há nada mais sagrado para uma companhia aérea do que a segurança. Em última instância, não é a comida a bordo ou a qualidade das almofadas aveludadas que importa: além da pontualidade, a segurança é de longe a maior preocupação. Claro, hoje essa tranquilidade é justamente dada por adquirida quando se viaja na TAP: a folha de serviços não permite mentir. No entanto, foi aí que o sindicato quis desferir o golpe ao relacionar o acidente ocorrido com pretensos erros de gestão que estarão a pôr em causa a fiabilidade dos aviões. Algum documento para provar a acusação? Zero, claro.

Não é apenas em Portugal que os sindicatos das companhias de bandeira fazem chantagem. A aviação comercial sofre dessa praga antiga: empresas do século xxi são confrontadas por uma multiplicidade de sindicatos - pilotos, pessoal de cabine, pessoal de terra, manutenção - que, à vez, exigem regalias do século passado, indiferentes ao momento difícil. Não é por acaso que as low cost florescem. Não será também por acaso que, a prazo, companhias como a TAP irão voar cada vez mais baixinho. Tão baixinho que um dia o modelo de negócio irá mesmo pelos ares. Não haverá governos salva-vidas para ninguém.

FONTE:i Informação

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