A TAP estima perdas de um milhão de euros durante as 22 horas de paralisação dos controladores aéreos espanhóis. Em declarações ao DN, António Monteiro, porta-voz da transportadora aérea portuguesa, calculou um prejuízo deste montante, que corresponde essencialmente aos gastos suplementares com combustível para os aviões, que tiveram de alterar planos de voo e optar por rotas mais longas.
"Calculamos um aumento de 50% no consumo de combustível num só dia", disse aquele responsável.
No entanto, nesta estimativa de um milhão de euros de prejuízos está igualmente incluído o que a empresa deverá despender com hotéis para alojar passageiros e até mesmo perda de tráfego, referiu António Monteiro.
Até ao final do dia de hoje [ontem], a TAP espera "que tudo volte ao normal", adiantou.
Durante a greve, foram cancelados 17 voos para Espanha, oito na sexta-feira e nove ontem. Mas o protesto afectou as ligações a vários outros destinos europeus. No total, foram cancelados pelo menos 78 voos em Portugal, afectando passageiros de muitas nacionalidades.
Dois dias no aeroporto
No aeroporto da Portela, por volta das 15.00 de ontem, milhares de pessoas 'acotovelavam-se' no terminal 1, das partidas internacionais. Muitas delas 'presas' em Lisboa desde a véspera e ainda sem informação sobre o seu voo.
"Fiquei retido em Cleveland, nos Estados Unidos, no 11 de Setembro de 2001. Tinha havido uma catástrofe, mas a organização era melhor". O desabafo de James, inglês, resumia o estado de espírito da sua família após quase 30 horas de atraso no seu voo Easyjet para Londres, e já com uma inesperada dormida extra num hotel alugado pela companhia.
"Ontem [sexta-feira] estávamos a bordo do avião, pronto a descolar, quando aquilo rebentou [greve dos controladores aéreos espanhóis]", lamentou. "Depois de três horas a bordo, mandaram-nos sair. Andámos de fila em fila desde então, mas ninguém parece saber o que se está a passar. A TAP e a British já voam para Londres. Só o nosso é que nada". A família de James acabou por passar também a noite de ontem em Lisboa.
Vindo do calor de Natal, no Brasil, o alemão Andy também esperava notícias: "Tinha um voo de ligação para Munique, mas quando chegámos aqui disseram-nos que tinha sido cancelado. As únicas informações que tenho são as que me deram, por telefone, da Alemanha. Só sei que tenho de estar segunda-feira no trabalho".
Muitos tentaram percursos alternativos, mas só alguns tiveram sorte. "Vendi um bilhete para Londres a um australiano - não aparecem muitos -, mas ficou-lhe bastante mais caro. Uma espanhola comprou bilhete para Faro, onde familiares a vão buscar de carro", contou Eugenia Kapo, funcionária ucraniana da Air Pass, uma empresa que vende bilhetes no aeroporto.
Também no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, estava, ao início da tarde, instalada grande confusão entre passageiros. Nem quando o primeiro avião da Ibéria descolou, cerca das 15.00, as pessoas ficaram satisfeitas.
As críticas viravam-se sobretudo para as companhias de baixo custo, que nenhuma informação prestavam aos passageiros. "Tínhamos as passagens para a Easyjet para ontem à noite, com destino a Amesterdão. Quando conseguimos contactá-los, a resposta é que apenas na segunda--feira poderíamos seguir. Optámos por comprar novas passagens na TAP", afirmou ao DN Carmen Cavallero, que com a família passou a noite num hotel da cidade.
Ao início da tarde, quase duas dezenas de voos tinham sido cancelados.
Via:Diário de Notícias - Lisboa
