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Aviação regista cada vez mais incidentes com pássaros

Em 2009 foram notificadas em Portugal 316 colisões de aviões com aves (bird strikes), indica o relatório estatístico do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), a que o DN teve acesso.

Comparativamente com 2008, o número de ocorrências aumentou 74 por cento, mas especialistas em aviação ligeira garantem não existir um "agravamento significativo" do problema. "O que passou a haver foi um maior empenho das pessoas envolvidas, pilotos e responsáveis pelos aeródromos, em notificar a ocorrência de incidentes mesmo que de pequena dimensão."

Esta é também a opinião do director do GPIAA, tenente- -coronel Fernando Reis, segundo o qual o registo de mais 134 casos entre 2008 e 2009 "pode não corresponder a um efectivo aumento" do número de ocorrências. "Não havia uma grande preocupação em notificar os bird strakes, consideradas ocorrências menores".

Tudo mudou em Janeiro de 2009 com o acidente no rio Hudson (Estados Unidos), quando um avião comercial com 155 pessoas a bordo foi obrigado a efectuar uma perigosa manobra de amaragem, poucos minutos depois de ter descolado do aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque. Não houve vítimas. Mas as imagens correram mundo e o facto de o acidente ter sido provocado por um embate com um bando de pássaros, do qual resultaram danos nos motores, veio "dar outra visibilidade e enfatizar" este tipo de ocorrências.


O número de notificações disparou ao longo do ano, acentuando uma tendência que se regista pelo menos desde 2006, quando foram registados 106 casos de bird strike, uma situação qualificada como de "elevado perigo" por poder originar acidentes graves, como ferimentos na tripulação, problemas hi- dráulicos e eléctricos ou dificuldades no controlo do avião.

Para além do acidente no rio Hudson, o crescimento exponencial de ocorrências está igualmente relacionado com as indicações transmitidas pelo GPIAA junto dos principais aeroportos do país para relatarem todos os casos do género. "Por vezes é difícil mas estamos a conseguir que a informação nos chegue com regularidade", diz o tenente-coronel Fernando Reis, acrescentando que o objectivo é recolher o máximo de informação possível com base na qual será efectuada uma avaliação do risco existente. "Por se localizarem no litoral, os nossos aeroportos estão em zonas potencialmente de risco. Mas ainda não podemos tirar a ilação de que estamos a assistir a um aumento de ocorrências".

Segundo o director do GPIAA, o nível de risco só poderá ser calculado "quando se conhecer a realidade e para isso é muito importante analisar o número de notificações", cujo crescimento só deverá "estabilizar dentro de dois ou três anos". Só nessa altura será possível definir um conjunto de medidas de segurança que poderão passar, por exemplo, pelo controlo das aves em lixeiras localizadas nas proximidades das pistas.

Os dados do GPIAA indicam que o período mais crítico se prolonga entre Abril e Agosto, sendo que a maioria das notificações diz respeito ao aeroporto de Lisboa (130), seguido de Faro (84) e Porto (54). Nenhum dos casos resultou em acidente grave.


Fonte:Diário de Notícias - Lisboa
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