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Aprender mais com o que funciona


Há 15 dias, visitei as instalações da Embraer na cidade de Melbourne, na Flórida - EUA, perto do conhecido Cabo Canaveral, local de lançamento de foguetes e base da NASA, a pouco mais de 120 km da cidade de Orlando.
JOSÉ ROBERTO FERRO, PRESIDENTE E
FUNDADOR DO LEAN INSTITUTE BRASIL
Trata-se de uma unidade de Aviação Executiva da empresa. No site, há plantas de manufatura (montagem e pintura da fuselagem dos jatos Phenom), um centro de engenharia que deverá ter cerca de 200 engenheiros em 4 a 5 anos, além de um Centro de Entrega para permitir o acesso a potencias clientes, ajudar os clientes a definir o tipo de configuração do interior e exterior e servir para a entrega do produto acabado. Os EUA são o maior mercado mundial para a aviação executiva. 
Como é possível o Brasil ter uma pujante empresa aeronáutica, a terceira do mundo, perdendo apenas para as gigantes Boeing e Airbus, ambas contando com substanciais apoios governamentais, e não ter nem ao menos uma importante empresa no setor automotivo, quer seja montadora quer seja empresa de autopeças? Lembramos que a indústria automotiva é mais madura e tem menor intensidade tecnológica do que a indústria aeronáutica.
Na coluna da semana passada (“Novo regime automotivo não traz inovação e gera mais burocracia”), comentei sobre o novo regime automotivo e, em particular, por que as propostas de estimular o incremento da inovação no setor tendem a não funcionar da forma esperada pelo governo federal.
Perguntei ainda por que não há uma montadora nacional, pois países com indústria automobilística mais nova, como a Coreia, Índia e China, já têm suas próprias montadoras locais.
Inevitável o sentimento de orgulho ao caminhar pela unidade da Embraer nos EUA e conversar com pessoas originárias das mais avançadas empresas do setor aeronáutico do mundo, como da Boeing, United Technologies e da própria NASA, trabalhando em uma empresa brasileira em um mercado global, de alta tecnologia e supercompetitivo.
Mas essa visita me fez lembrar uma sensação semelhante de orgulho que tive no final dos anos 80, por ocasião de uma visita a recém-inaugurada fábrica da Metal Leve, na Carolina do Sul, então uma das poucas empresas de capital nacional no setor. Na época, estava trabalhando em um projeto de pesquisa sobre a indústria automobilística mundial no MIT. Tratava-se de uma empresa referência, com elevados investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), muitos deles apoiados pelo governo. E era capaz de empreender um esforço de globalização, como o da planta nos EUA, para se aproximar de seus clientes norte-americanos, enfrentando os desafios competitivos da época.
Apesar do sucesso momentâneo e aparente, a empresa não conseguiu sobreviver à abertura do mercado brasileiro e à intensificação da competição global na década de 90. Acabou sendo vendida a um grupo estrangeiro.
Por que a Embraer vem tendo sucesso e não há nenhuma empresa nacional globalmente relevante no setor automotivo? Para chegar a esse estágio atual em sua evolução, a Embraer incorporou uma longa história de desenvolvimento tecnológico e empresarial desde os anos 50, quando o ITA e o CTA foram criados, até o período de empresa estatal com gestão militarizada, chegando, enfim, ao estágio mais recente de empresa privada com capital aberto e gestão profissional.
Inicialmente, a importância do acesso à alta tecnologia e pesquisas de base foi essencial. Tanto o ITA quanto o CTA tiveram em suas origens o apoio do Departamento de Engenharia Aerospacial do MIT. Esse período inicial levou a uma aliança forte entre militares e pesquisadores, criando equipes extremamente capazes. Porém, igualmente importante foi a capacidade da empresa se manter competitiva através do lançamento de novos produtos mais rapidamente e pela busca de maior eficiência após a privatização.
O mesmo tipo de estímulo dado recentemente à indústria automobilística foi oferecido por décadas à indústria de eletrônica, prioridade de diversos governos. Como resultado, temos algumas empresas locais com capacidade de montagem de peças e componentes importados desenvolvidos em outros países e uma pequena indústria nacional de software. Muito pouco frente os estímulos de bilhões oferecidos.
Precisamos aprender mais com o que tem dado certo e não replicar o que deu errado. Políticas de governo burocráticas, protecionistas e geradoras de artificialismos não terão sucesso. Estimular a competência e a competição dá certo. Governos podem ajudar com as políticas certas. No mundo empresarial, cada vez mais competitivo e em alta velocidade, a sobrevivência é apenas uma possibilidade.  
(José Roberto Ferro escreve às segundas-feiras)



As informações são"epocanegocios.globo".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Denilson Pereira 

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