O tema do hub de Lisboa, a placa giratória que permitiu à TAP expandir a operação para a América do Sul e África, ganhou importância com o aproximar da privatização da transportadora aérea estatal.
Mas, mais do que os perigos de deslocalização associados à entrada de um investidor estrangeiro, a empresa receia que esse activo seja colocado em risco com os incentivos que estão a ser atribuídos às companhias de aviação de baixo custo.
A concorrência das low cost ganhou novo fôlego na semana passada, com a visita do presidente executivo da irlandesa Ryanair a Portugal.
Michael O'Leary deixou claro que não desistiu de abrir uma base aérea na capital, mas que só o fará em função de algumas contrapartidas que já assegurou no Porto e em Faro (onde tem operação instalada).
O gestor admitiu ao PÚBLICO que a ANA terá de oferecer preços competitivos nas taxas aeroportuárias e nos serviços de assistência em terra para que a empresa entre no aeroporto da Portela.
Além disso, a operação teria de funcionar, com custos mais reduzidos, a partir do terminal 2 (que hoje serve voos domésticos) e beneficiar de incentivos de marketing, através de um programa de apoio a novas rotas criado em 2007 - do qual já é a maior beneficiária.
A TAP tem estado atenta a estas movimentações. E, perante a confirmação de que as low cost estão a usufruir de descontos e a especulação em redor do terminal 2 (que poderá ser destinado a companhias que queiram preços mais atractivos), a transportadora tem vindo a reunir-se com várias entidades para discutir as consequências para o hub de Lisboa.
Na próxima semana, a administração vai reunir-se com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, para fundamentar a sua posição.
Hub mantém-se com venda
Em entrevista ao PÚBLICO, Luiz Mór, administrador da TAP, explicou ontem que "a TAP precisa de um factor fundamental para sobreviver: condições iguais de competição".
O gestor crítica o facto de se estar a "distorcer o mercado" ao conceder-se incentivos a outras companhias de aviação. E receia que, se os planos de alterar o modelo do terminal 2 avançarem, "o hub de Lisboa fique em risco" no curto prazo (ver texto secundário).
Luiz Mór coloca no centro deste problema a gestora aeroportuária estatal ANA, que está a utilizar a Portway (empresa de assistência em terra que controla) como "factor de distorção da competição" e a ponderar uma alteração que "não é legal": obrigar a TAP a ficar no terminal 1, enquanto reduz os preços de outra infra-estrutura.
Além disso, critica o Turismo de Portugal e a Associação de Turismo de Lisboa de darem apoios que não são justos, e o Governo de "os aprovar", referiu.
"Vejo muitas pessoas preocupadas com a transferência do hub num cenário de privatização. No entanto, é essa situação de perda que estamos a criar se continuar a haver subsidiação e se o terminal 2 passar a ter preços reduzidos", afirmou, acrescentando que "nenhum país dá subsídios para aeroportos centrais". "Esses apoios existem quando se quer gerar tráfego em aeroportos secundários", notou o gestor.
Aliás, Luiz Mór não acredita que qualquer potencial comprador da TAP considere deslocalizar a placa giratória, mesmo se já tiver um hub próximo (como aconteceria no caso de o negócio ser concretizado pelo grupo IAG, composto pela British Airways e pela Iberia).
"Ninguém vai comprar um valor para depois o destruir, porque esse é o maior valor da TAP. Agora, o comprador vai querer saber se tem um hub que lhe permita continuar a crescer e se a competição é justa em Portugal."
As informações são"Público.pt".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Samuel Pereira
Mas, mais do que os perigos de deslocalização associados à entrada de um investidor estrangeiro, a empresa receia que esse activo seja colocado em risco com os incentivos que estão a ser atribuídos às companhias de aviação de baixo custo.
A concorrência das low cost ganhou novo fôlego na semana passada, com a visita do presidente executivo da irlandesa Ryanair a Portugal.
Michael O'Leary deixou claro que não desistiu de abrir uma base aérea na capital, mas que só o fará em função de algumas contrapartidas que já assegurou no Porto e em Faro (onde tem operação instalada).
O gestor admitiu ao PÚBLICO que a ANA terá de oferecer preços competitivos nas taxas aeroportuárias e nos serviços de assistência em terra para que a empresa entre no aeroporto da Portela.
Além disso, a operação teria de funcionar, com custos mais reduzidos, a partir do terminal 2 (que hoje serve voos domésticos) e beneficiar de incentivos de marketing, através de um programa de apoio a novas rotas criado em 2007 - do qual já é a maior beneficiária.
A TAP tem estado atenta a estas movimentações. E, perante a confirmação de que as low cost estão a usufruir de descontos e a especulação em redor do terminal 2 (que poderá ser destinado a companhias que queiram preços mais atractivos), a transportadora tem vindo a reunir-se com várias entidades para discutir as consequências para o hub de Lisboa.
Na próxima semana, a administração vai reunir-se com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, para fundamentar a sua posição.
Hub mantém-se com venda
Em entrevista ao PÚBLICO, Luiz Mór, administrador da TAP, explicou ontem que "a TAP precisa de um factor fundamental para sobreviver: condições iguais de competição".
O gestor crítica o facto de se estar a "distorcer o mercado" ao conceder-se incentivos a outras companhias de aviação. E receia que, se os planos de alterar o modelo do terminal 2 avançarem, "o hub de Lisboa fique em risco" no curto prazo (ver texto secundário).
Luiz Mór coloca no centro deste problema a gestora aeroportuária estatal ANA, que está a utilizar a Portway (empresa de assistência em terra que controla) como "factor de distorção da competição" e a ponderar uma alteração que "não é legal": obrigar a TAP a ficar no terminal 1, enquanto reduz os preços de outra infra-estrutura.
Além disso, critica o Turismo de Portugal e a Associação de Turismo de Lisboa de darem apoios que não são justos, e o Governo de "os aprovar", referiu.
"Vejo muitas pessoas preocupadas com a transferência do hub num cenário de privatização. No entanto, é essa situação de perda que estamos a criar se continuar a haver subsidiação e se o terminal 2 passar a ter preços reduzidos", afirmou, acrescentando que "nenhum país dá subsídios para aeroportos centrais". "Esses apoios existem quando se quer gerar tráfego em aeroportos secundários", notou o gestor.
Aliás, Luiz Mór não acredita que qualquer potencial comprador da TAP considere deslocalizar a placa giratória, mesmo se já tiver um hub próximo (como aconteceria no caso de o negócio ser concretizado pelo grupo IAG, composto pela British Airways e pela Iberia).
"Ninguém vai comprar um valor para depois o destruir, porque esse é o maior valor da TAP. Agora, o comprador vai querer saber se tem um hub que lhe permita continuar a crescer e se a competição é justa em Portugal."
As informações são"Público.pt".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Samuel Pereira