Só o descumprimento, por parte da francesa Dassault, das promessas feitas pela França ao governo brasileiro no fim de semana, poderá mudar uma decisão já tomada politicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: os futuros caças da Força Aérea Brasileira deverão ser os Rafale franceses, a serem vendidos ao Brasil com custos bem inferiores aos oferecidos inicialmente, inclusive na manutenção e operação das aeronaves. Para não ficar sem opções, porém, o governo brasileiro reabriu o processo de escolha, para todos os concorrentes melhorarem as ofertas "finais" feitas em 2008. Executivos da Dassault participaram da reunião entre os governos do Brasil e da França, na madrugada de domingo para segunda-feira, que resultou numa carta - cujos termos são mantidos em sigilo - do presidente Sarkozy a Lula, assegurando o compromisso dos franceses em melhorar substancialmente a proposta. Nas conversas, os franceses chegaram a garantir que baixarão em 40% os custos previstos de operação do Rafale (de quase US$ 16 mil por hora/voo para menos de US$ 10 mil). Há forte simpatia, na Força Aérea e mesmo no governo e entre políticos governistas, pelos caças suecos Gripen, da SAAB, considerados mais baratos e de manutenção mais fácil, além de permitirem grande participação de engenheiros brasileiros no desenvolvimento do projeto do avião a ser fornecido, ainda em fase de elaboração. O caça F/A-18 da Boeing americana está, na prática, descartado como opção, apesar de incluir, de maneira inédita, armas e acessórios de alta tecnologia e garantias oficiais de transferência de tecnologia, reiteradas ontem em nota da embaixada dos EUA. O governo brasileiro crê que as garantias são limitadas e não cobrem toda a tecnologia desejada pela FAB.