Ao som de uma pequena banda e puxado por um ‘rebocador’, o avião entrou no hangar da Lufthansa onde antes já decorria uma grandiosa cerimónia de apresentação, com discursos, vídeos e outras promoções do novo gigante dos ares. À medida que os convidados chegavam, assinavam um cartaz, visitavam os três ‘stands’ de recepção dos grandes envolvidos no avião: a fabricante Boeing, a General Electric mostrava as turbinas dos motores GEnx-2B67e, claro, da própria Lufthansa, que aí tinha recriado os lugares da executiva: em V, os dois assentos dão total autonomia e privacidade aos passageiros, que carregando apenas um botão transformam o confortável assento numa cama de 1,98m de comprimento e não precisam de se levantar para utilizar todos os equipamentos disponíveis. Em cada fila da executiva, viajam assim seis pessoas, depois de desde 2007 a Lufthansa fazer exaustivos estudos de mercado com 500 passageiros frequentes e 1340 passageiros testaram idênticos. Esta aposta no mercado executivo via continuar nos próximos quatro anos, sendo remodelados os interiores dos 100 aviões da companhia alemã, além de quatro novos Boeing 747-800, que permitirão passar a fazer novas rotas: Delhi, Bangalore, Chicago e Los Angeles. Para o próximo ano, serão anunciados mais 5 destinos, graças à chegada dos novos aviões que apesar de terem sofrido um grande atraso no seu lançamento irão agora ser entregues, nos termos do contrato para 20 (alguns para a carga), cada um a 317,5 milhões de dólares. O Airbus A380 continuará a fazer as actuais rotas, a partir do ‘hub’ de Frankfurt: Tóquio, Beijing, Joanesburgo, Nova Iorque, São Francisco, Miami e, desde 30 de Outubro, Singapura.
De dentro do enorme avião, que se destaca por um belo ‘nariz’, saíram entre outros o presidente do Grupo Lufthansa, Christoph Franz, a vice-presidente da Boeing Elisabeth Lund e o administrador da Lufthansa para passageiros, Casper Spohr, além naturalmente da equipa de pilotos e tripulação. Casper Spohr, que depois de ter discursado no palco submeteu-se a uma série de perguntas de jornalistas especializados de toda a Europa, incluindo do PÚBLICO, estava certo da estratégia que tem para a empresa: aposta na qualidade, nos mercados ‘premium’. Depois de ter liderado até há dois anos a Lufthansa Cargo, Casper Spohr espera com este avião – bem como com o idêntico Airbus A380 - satisfazer os clientes, principalmente os que possam utilizar a classe executiva ou mesmo os poucos que possam comprar bilhete para a ‘First Class’, um espaço reservadíssimo a 8 pessoas na zona menos ruidosa do avião, à frente, beneficiando do ‘cockpit’ estar no piso superior do avião e com a possibilidade de tomarem duche no ar. Aqui, o comandante – no primeiro dia o capitão Elmar Boje -tem toda a parafernália aeronáutica para fazer em segurança os voos intercontinentais. Bem perto, uma pequena divisória tem um míni-quarto para a tripulação. Neste piso superior, apenas há lugares de executiva. Atrás da ‘first class’, no piso inferior, estão os demais lugares de executiva e os tradicionais da económica, onde a Lufthansa ainda não começou a melhorar as condições, mantendo os assentos da Recaro. No mesmo piso teremos assim passageiros que pagarão cerca de 8000 Euros (cada um dos 8 da ‘first class’), 4000 Euros (os da executiva, agora bem remodelada) e os referidos 600 Euros para a viagem Frankfurt-Washington-Frankfurt para cada um dos 362 passageiros da económica. Os lugares da executiva no piso superior terão o mesmo preço, explicou aos jornalistas portugueses presentes o director de comunicação da Lufthansa, Aage Duenhaupt, salientando ainda que os preços podem variar consoante o mercado fixe.
Na conferência de imprensa, Casper Spohr destacou ser a Lufthansa a única companhia aérea a oferecer num voo 100 lugares de ‘premium’ (8 ‘first’ e 92 executiva), com este avião. A aposta é tal que estão mesmo a retirar de circulação os Boeing 747-400 - mantendo o número de aviões – “mas não se trata de uma remodelação: o 747-800 é mesmo um novo avião”, salientou Caster Spohr. Com este Boeing, aumenta a velocidade, diminuem o ruído e custos com combustível (“Se soubesse o que vai acontecer ao preço do petróleo não precisava trabalhar 12 horas”, ironizou o administrador alemão). Já quanto a uma eventual aquisição de mais companhias aéreas pequenas, Carsten Spohr foi prudente, referindo que esse processo pode estar parado desde que adquiriram a Austrian Airlines, não prevendo oferta para a TAP ou outras companhias.
As informações são"Público.pt por Paulo Vilarinho, em Frankfurt".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Thiago Oliveira Ferraz
