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Canetas de raio laser são usadas para cegar pilotos de avião


Quinta-feira, 20h30 em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. O helicóptero águia, da Polícia Militar, levanta voo. A missão: encontrar os autores de pontos de luz como estes. Em apenas 25 minutos de voo, foram cinco raios em direção ao avião.

Imagens mostram raios laser, vindos de canetinhas. Iguais aquelas de raio vermelho usadas em apresentações de empresas. Mas as de laser verde, são muito mais potentes. Em apenas 25 minutos de voo, a equipe do Fantástico flagrou cinco pessoas com as canetas.

Em 2011, esse tipo de laser atrapalhou pelo menos 250 voos no país. Quatro vezes mais do que em 2010. Em Rio Preto, o Fantástico acompanhou a busca do helicóptero águia na tentativa de identificar a origem desses raios. Minutos após a decolagem, já vemos o primeiro facho. Com a ajuda de um holofote, os policiais tentam encontrar o autor.

A surpresa: é uma criança. O helicóptero águia indicou que o facho de luz poderia ter partido dessa casa e os policiais estão abordando o morador dessa residência.





Fantástico: Teve algum facho de luz verde, existe alguma caneta de luz verde na casa?
Morador: não, não.

Fantástico: o águia indicou com a luz que daqui partiu algum feixe de luz em direção ao avião.

Morador: que horas?

Fantástico: agora há pouco.

Morador: olha, eu tava trabalhando lá no fundo, eu não vi. Os meninos estavam jantando até.

Dentro da casa, os meninos, de 11 anos, entregam a caneta de laser.

Fantástico: por que você decidiu comprar esse aparelho?

Criança: pra brincar!

Fantástico: pra brincar como assim?

Criança: brincar, assim não queria machucar as pessoas com o olho. Queria mirar no céu, mas não com coisa passando.

Brincadeira perigosa. Capaz de prejudicar a visão dos pilotos.

“Por segundos você perde a visão, a leitura dos seus instrumentos”, diz o piloto Carósio Junior.

Em voos noturnos, o laser provoca um clarão inesperado na cabine.
“É a mesma sensação de estar num quarto escuro, olhar pra uma lâmpada, acender e apagar. Você vai ficar com aquele branco na tua frente assim, que você não consegue ter referencia com quase nada”, .

O piloto perde contato visual com o que está à frente. Um perigo principalmente no pouso, que exige atenção total do comandante. Em alguns casos, o resultado é uma manobra brusca. Aconteceu com um piloto de helicóptero em São Paulo.

“Eu já tive que procurar fugir da luz pra tentar não só manter minha acuidade visual como também fugir desse desconforto que ela causa”, revelou o Rodrigo Duarte, presidente da Associação Brasileira dos Pilotos de Helicópteros.

Aviões comerciais de companhias aéreas também são alvo.

Piloto TAM: torre São Paulo, TAM 3227. Boa noite. Passar pro controle exatamente nessa posição que a gente esta agora, tem alguém com laser, perto de uma avenida grande. Lançando no cockpit, ok? Obrigado.

Controladora: ciente, grata.

Piloto Gol: a 3.6 milhas da cabeceira do nosso lado esquerdo, temos alguém apontando laser pra cabine do avião, ok?

A situação ficou tão grave que o centro de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos adaptou o procedimento para pilotos e copilotos. Um deles deve sempre manter o olhar no painel de controle.

“Um dos pilotos do voo concentrado nos instrumentos internos do avião, enquanto o outro piloto olha pra fora. De forma que os dois não sejam alvejados ao mesmo tempo”, afirmou Marcio Vieira de Mattos, major do Cenipa.

A febre do laser segue descontrolada pelo país. As canetas são vendidas livremente no Brasil, sem regulamentação. Encontramos o laser em cidades como São Paulo, Campo Grande e até dentro do Aeroporto de São José do Rio Preto.

Fantástico: vende muito? Só tem uma?

Vendedora: só tem uma.

Na internet, vídeos ensinam como aproveitar ao máximo a potência das canetinhas - ignorando seus riscos. E os riscos são muitos, mesmo à distância.

“Um laser pointer desse verde tipicamente consegue percorrer de 3 a 4 quilômetros na atmosfera sem perda significativa de potencia”, explicou o físico Anderson Zanardi de Freitas, pesquisador do Ipen.

Uma exposição prolongada a esse laser pode causar queimaduras irreversíveis nos olhos.

“Ele vai deixar de enxergar detalhes , enxergar cores e vai ter um campo de visão sempre com uma mancha no centro”, disse Ana Luisa Hofling-Lima, professora da Unifesp.

E a brincadeira também pode dar cadeia. O Código Penal prevê pena de dois a cinco anos de reclusão para quem colocar aeronaves em perigo. Daniel, de 22 anos, foi preso em junho em Imperatriz, no Maranhão. Ele foi acusado de apontar o laser para aviões.
Em entrevista ao Fantástico, Daniel nega a acusação. Mas confirma que comprou uma das canetas para se divertir com os efeitos do laser. Daniel aguarda a conclusão do inquérito em liberdade.

Já o caso dos meninos de São José do Rio Preto, flagrados pelo águia, foi encaminhado ao conselho tutelar. Para eles a brincadeira acabou.

Fantástico: vai usar mais esse facho de luz?

Menino: não.

Fantástico: aprendeu a lição?

Menino: sim. 


As informações são"G1 Fantastico".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Priscilla Queiroz Campos

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