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TAAG: Refundação ou (Re)afundação?

Viajo com frequência por imperativos laborais e predominantemente opto pela nossa companhia de bandeira ou se preferirem das bandeiras, a TAAG. Como angolano, penso que devo, como qualquer nacional, contribuir para criar riqueza no meu país, em vez de ajudar a pagar (sem qualquer tipo de conotação xenófoba) os salários dos Europeus ou de outros. Mas torna-se cada vez mais desagradável viajar na TAAG.

Mesmo para os nacionalistas convictos a TAAG abandalha e destrata qualquer um. A nossa companhia de bandeira convida qualquer passageiro a viajar na concorrência, basta que para isso experimente os seus serviços.

A minha última experiência traumatizante foi em primeira classe com bilhete pago, repito pago (para não se confundir com os muitos oferecidos) na casa dos 8.000 dólares, numa viagem Luanda – Lisboa - Luanda, e fui brindado com algumas das novas medidas de refundação em curso.

A bolsa distribuída a bordo com pequenos utensílios de higiene pessoal passou de uma embalagem de pele sintética (deduzo) com bom aspecto, para um saco (faz lembrar os sacos de serapilheira em ponto pequeno) sem qualquer tipo de apresentação.

Bem, ignorei e esperei pela comida, na entrada os legumes que acompanhavam o presunto estavam “queimados”, pareciam que tinham feito alguns voos antes de serem servidos. O prato principal, resumiu-se a peixe, dado que agora reservam por voo, mesmo em primeira-classe, segundo a assistente de bordo, apenas o numero de pratos para o mesmo numero de passageiros e como fui o ultimo a ser servido, tive a sorte ou azar dependendo do ponto de vista. A sobremesa nem vi, porque a hospedeira estava tão acelerada que retirou tudo o que tinha na mesa, sem eu conseguir dizer que gostaria de saber o que havia mais.

Outro aspecto que me preocupa como utente é a degradação das aeronaves. Para os passageiros frequentes da TAAG só pelo nome do avião já se sabe quais são os lugares que não funcionam, aqueles em que as cadeiras não rebaixam. As avarias pontuais que acontecem em qualquer companhia tornam-se sucessivamente prolongadas.

A higiene passou a ser igualmente preocupante, o avião com destino a Lisboa cheirava mal, estava empoeirado e até se encontram lugares com as superfícies laterais de apoio riscadas com canetas.

Tentei relaxar e liguei o sistema de entretenimento a bordo. Os filmes continuavam os mesmos desde a minha ultima viajem. Voltei a constatar o número excessivo de filmes em chinês sem legendas. Mas será que já fomos colonizados pelos chineses?

Procurei outras opções e para minha felicidade encontrei um documentário nacional. Para minha (in)felicidade o único conteúdo nacional era um retrato fiel de tudo o que nós temos de pior. Parecia uma cópia do Club-K (que tanto respeito pelo trabalho que fazem) em audiovisual, que em nada entretém quem viaja. O documentário começou com o caos do transito, passou pela pobreza, depois a guerra, a UNITA, teve tempo de denegrir os governantes, e acabou, nem sei muito bem como, porque não consegui chegar ao fim.

Pensei comigo, se eu fosse estrangeiro, investidor ou turista a ir para um determinado país, ao ver aquele tipo de conteúdo identificado como local, a minha reacção seria antecipar a viagem de regresso na hora, e com certeza nem sairia do aeroporto. Uma companhia de bandeira em qualquer parte do mundo não faz campanha contra o seu próprio país. Existem fóruns próprios para tudo, não vejo na TAP documentário a falar da crise financeira em Portugal ou dos meninos da Casa Pia, etc, etc, não vejo nas companhias brasileiras documentários a falarem dos arrastões, do mensalão ou das meninas de programa. Porquê motivo a TAAG que nunca teve conteúdos nacionais nas suas escolhas opta por inserir algo do género?!

Bem, nem vou abordar a questão das marcações, “quedas” ou reservas confirmadas que desaparecem do sistema. Nem tão pouco, “bater” nas aerovelhas que depois de conhecer o serviço e simpatia no atendimento da aeronovas, fiquei com muitas saudades das cotas.

Apesar dos muitos motivos que tenho para deixar de voar na TAAG, e não me esqueço de um episodio também recente, um verdadeiro “encontro imediato” com a senhora Mangueira, chefe de escala, que num momento de aflição, na eminência de perder um voo, porque não chamaram os passageiros em executiva e primeira-classe, basicamente em plena conversa, virou-me as costas e deixou-me a falar sozinho, como cidadão do meu país, como contribuinte, pagador de impostos, tenho muita dificuldade em aceitar que a companhia de todos nós seja desta forma vergonhosa enterrada.

Partilho estas linhas na esperança de que alguém entenda, na minha modesta opinião, que este não parece ser o caminho correcto. Não é abandalhado os passageiros que pagam, que se consolida uma empresa, que se quer produtiva e financeiramente viável.


Refundar a TAAG deve passar pelo respeito para com os seus utentes.

Fonte:AngoNotícias

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