Há pelo menos 15 dias, as agências dos Correios em Santa Catarina oferecem o serviço Sedex 10 — que entrega malotes até as 10h do dia seguinte à postagem — somente se o destino das encomendas for Porto Alegre ou Curitiba, deixando de lado destinos importantes como São Paulo e Rio de Janeiro. Atrasos também estariam ocorrendo na entrega da correspondência tradicional desde janeiro.
As postagens estaduais do Sedex 10, que correspondem a 84% do volume total de encomendas, usam transporte terrestre e seguem normais. A raiz do problema são as empresas aéreas que prestam serviços aos Correios, o que dificulta entregas com hora marcada. Em Santa Catarina, o problema do Sedex 10 está relacionado à falta de um avião de carga, que não está operando.
A empresa Total Linhas Aéreas, responsável pelo serviço, perdeu o prazo determinado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para se adequar a uma norma internacional. O diretor-geral da Total, Daniel Winocur, explica que a aeronave está passando por uma revisão técnica no Chile, para instalação de abafadores de ruídos, e deve voltar a voar na próxima quarta-feira.
Winocur afirma que houve uma divergência na interpretação da norma da Anac, que estabelecia o prazo até 2010, mas não especificava a data de 1º de janeiro, como de fato ocorreu.
— Esses aviões de carga foram construídos antes da norma sobre ruídos, mas têm condições plenas de voar — esclarece o diretor.
Winocur diz que o imbróglio gerou grandes prejuízos à empresa, que além de não faturar no período, está pagando multas pesadas, que chegam a 100% do valor do contrato com os Correios. A Total, que sublocou duas aeronaves para dar conta do serviço, faz o transporte de malotes e cargas para os Correios em todo o Brasil, mas só a linha sul foi prejudicada.
Problema atinge outros seis estados
O atraso nas entregas de cartas e encomendas pelos Correios é sentido em outros seis estados: Acre, Roraima, Amazonas, Rondônia, Ceará e Mato Grosso. O motivo também é a falta de aeronaves cargueiras. A situação é mais complicada no Acre, onde os envios por Sedex demoram oito dias para chegar ao destino, e deveriam levar apenas 24 horas.
O problema começou em outubro de 2009, quando a empresa Beta, que opera o serviço aéreo exclusivo no Acre, Mato Grosso e Rondônia, foi considerada não idônea e suspendeu a operação nesses estados. Em dezembro, Roraima e Amazonas, atendidos pela Táxi Aéreo Fortaleza (TAF), ficaram sem o transporte quando duas aeronaves se acidentaram e uma terceira entrou em manutenção.
Um outro problema apontado para a operação de cargas aéreas é o valor de referência exigido pela Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), considerado baixo pelo setor. Daniel Winocur, da Total, afirma que o custo operacional não compensa. Para dar uma ideia, afirma que só a manutenção das aeronaves, que deve ser feita a cada dois anos, custa US$ 600 mil (cerca de R$ 1 milhão).
Procurados pela reportagem, os Correios não retornaram o contato até a noite desta sexta-feira.
FONTE:DIÁRIO CATARINENSE