A fabricante europeia de aviões Airbus está brigando com um velho aliado da Boeing Co. sobre os direitos de comercialização das "winglets", que diminuem o consumo de combustível do avião, um meio de cortar custos cada vez mais popular nas companhias aéreas.
A disputa judicial coloca a Aviation Partners Inc. e sua patente de "blended winglets" contra a Airbus e seu produto, chamado Sharklets, que é similar mas foi lançado recentemente. As Sharklets integram a estratégia da Airbus de concorrer com a rival americana Boeing numa era de combustível caro.
Na esperança de evitar o pagamento de royalties para a Aviation Partners, a Airbus abriu um processo em dezembro contra a pequena empresa sediada em Seattle, e solicitou ao juiz que invalidasse a patente. A Airbus também conseguiu convencer o Escritório de Patentes e Marcas Registradas dos Estados Unidos a reavaliar a patente das winglets, aletas que ficam na ponta das asas e curvam-se para cima como dobradiças.
Agora os dois lados brigam para decidir que tribunal federal julgará o processo da patente.
A ideia básica por trás das winglets existe há décadas: elas diminuem o atrito no avião ao reduzir o vórtice de ar que se forma na ponta das asas. As winglets modernas foram desenvolvidas nos anos 70 pela Nasa, a agência especial americana, cujas pesquisas estão disponíveis ao público.
A Aviation Partners, que afirma ter melhorado o design anterior repensando as winglets como extensões altas e graciosas das asas do avião, afirma que suas blended winglets (algo como winglets integradas), existentes em mais de 3.500 jatos da Boeing, diminuem o consumo de combustível em 5% a 7% e aumentam o alcance das aeronaves. A empresa afirma que vai "proteger vigorosamente nossa tecnologia patenteada".
A Airbus, que usa winglets pequenas há anos, diz que o desenho da Sharklet marca um avanço tecnológico que diminuirá em cerca de 3,5% o volume de combustível consumido em seus jatos de um corredor. A empresa solicitou a patente do produto nos EUA, na Alemanha e em outros países.
A Airbus vai instalar as Sharklets em sua família A320 de jatos de um corredor, como o A320neo, que está sendo desenvolvido para concorrer com o campeão de vendas da Boeing, o 737, modelo que normalmente já vem equipado com as winglets. Os jatos de um corredor são os mais vendidos do mercado mundial de aviões.
A Airbus passou cinco anos negociando com a Aviation Partners a possibilidade de usar o desenho das winglets da empresa de Seattle em seu próprio produto e as empresas chegaram a assinar ano passado uma carta de intenções para formar uma joint venture. Mas a Airbus continuou desenvolvendo seu próprio modelo como uma alternativa.
No meio do ano passado, a Airbus aceitou mostrar à Aviation Partners os desenhos das suas Sharklets. A Aviation Partners alegou que são parecidas demais com sua tecnologia e exigiu royalties.
Em seu processo na justiça, a Airbus classifica a exigência da Aviation Partners de receber royalties como "um obstáculo significativo" que a deixa "em desvantagem competitiva". A Aviation Partners sustenta que "tem a patente e que a teríamos copiado, e estamos seguros de que esse não é o caso", disse um porta-voz da Airbus.
A Aviation Partners, que tem capital fechado e apenas 13 empregados, considera o processo da Airbus uma disputa do tipo Davi contra Golias e um problema sério para seus negócios. "Essa questão é meio unilateral", disse o diretor-presidente Joe Clark numa entrevista ao The Wall Street Journal no escritório da empresa, que tem vista para o pequeno Aeroporto Internacional do Distrito de King, também conhecido como Boeing Field.
A Aviation Partners diz ter receita anual de menos de US$ 500 milhões. Em comparação, a dona da Airbus, a European Aeronautic Defence & Space Co., faturou 45,7 bilhões de euros em 2010 (US$ 60,4 bilhões), principalmente por meio da fabricante de aviões.
As informações são"The Wall Street Journal Americas por DAVID KESMODEL, DE SEATTLE e DANIEL MICHAELS, DE BRUXELAS".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Karina Souza Santos