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Número de acidentes aéreos no primeiro semestre supera anos anteriores

O mercado de aviação brasileiro é o que mais cresce no mundo, a ritmo de 20% ao ano em número de passageiros. Essa disparada dos vôos nos últimos três anos pressiona toda a estrutura de setores ligados à aviação e coloca sob observação alguns gargalos do sistema.

Os investimentos brasileiros em tecnologia, pessoal para trabalhar no setor e infraestrutura estão aquém do crescimento acelerado do setor e aumentam as situações de risco de quem viaja de avião no país. Para a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac, no entanto, a sensação de aumento da insegurança não reflete a realidade da nossa aviação civil, que atualmente tem, em proporção ao número de vôos, o menor indicador de acidentes nos últimos dez anos.

Mesmo assim, em todos os meses do primeiro semestre deste ano, o número de acidentes no país supera os anos anteriores. Já foram 83 na aviação civil até 15 de julho, ou 75% do total do ano passado. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – Cenipa, ligado à Força Aérea Brasileira – FAB, responsável por avaliar os motivos desse crescimento de ocorrências, diz que mantém processos de investigação sobre esses casos e que só depois deste poderá haver julgamento do todo.

Os maiores problemas no setor aéreo costumam estar mais distantes dos aeroportos de grandes centros urbanos e principalmente concentrados em aeronaves pequenas, como aviação geral (jatos particulares), aviões que servem ao setor agrícola e a garimpos e também taxi-aéreo, avalia Ênio Dexheimer, piloto aposentado e professor de Ciências da Aeronáutica da PUC do Rio Grande do Sul. “Em geral, as maiores vítimas voam nesse interior do país.”

Esse diagnóstico é ratificado também pela verificação das principais deficiências que podem levar aos acidentes aéreos – como praxe, nenhum especialista no setor diz que um acidente aéreo tem apenas um motivo. Entre eles, estão deficiências de fiscalização, falta de boa qualificação de mão de obra e tecnologia limitada.

Multiplicação dos vôos piora risco

Todos esses três aspectos são mais deficientes em regiões mais remotas do Brasil e os riscos são incrementados com a multiplicação dos vôos. “O aumento dos movimentos aéreos vem acontecendo em todos os setores da aviação civil brasileira, o que reflete uma maior exposição ao risco”, diz Carlos Eduardo Pellegrino, diretor de operações de aeronaves da Anac.

Para Pellegrino, porém, no próprio aquecimento do mercado está um caminho para a solução para esse crescimento do risco. O crescimento econômico impulsiona a busca por mais e melhores equipamentos, melhores profissionais e uma manutenção mais efetiva, diz ele, sem descartar a necessidade de atuação do regulador.

Pellegrino explica que foi criada recentemente a Iniciativa Estratégica da Aviação Civil, um fórum técnico para coletar dados justamente para embasar a revisão normativa. Ele cita, ainda, que recentemente o país introduziu o teste de álcool e outras drogas, bem como programas reabilitação, para pilotos. Outra regra em fase final de elaboração é o programa de controle de fadiga, para impedir acidentes por falhas humanas por cansaço.

Escassez de corpo técnico

Segundo Clarice Bertoni, secretária de Navegação da Secretaria de Aviação Civil – SAC, o país trabalha atualmente em um sistema mais eficiente de gerenciamento de riscos, explica. “O órgão regulador nos últimos tempos modernizou substancialmente sua atuação”, para conviver com esse mercado mais aquecido. “Porém, sempre haverá necessidade de aperfeiçoamentos.”

Há ainda severas complicações, principalmente com escassez de corpo técnico em um país de dimensões continentais. A Anac, por exemplo, luta para conseguir abrir concursos que incrementem seu corpo técnico em mais de 500 pessoas para acompanhar o crescimento da frota. Após o acidente da Noar em Recife, no mês passado, percebeu-se que os pilotos não cumpriam as exigências da agência, o que lançou questionamentos sobre a eficiência do órgão em fiscalizar o setor.

Nos últimos anos, por conta da prevista perda de profissionais militares atuando em sua estrutura, a Anac perdeu número considerável de funcionários e teve de reduzir sua capilaridade, o que levou até ao fechamento de alguns escritórios regionais da agência.

FISCALIZAÇÃO – A agência reguladora destaca, porém, que a fiscalização não é só presencial. Auditorias nas empresas aéreas e inspeções nas rampas compõem o sistema geral de operações. “Há uma fiscalização indireta, a partir da análise de dados de desempenho e de tendências do setor, diz Pellegrino. “É difícil para qualquer país ter representantes de sua autoridade de aviação civil presentes em cada aeródromo, cada empresa, cada oficina.”

No caso dos controladores de vôo, a situação é parecida e agravada pela introdução de profissionais civis em um setor tradicionalmente militar. O fato de controladores terem sido incriminados juridicamente no acidente do vôo Gol 1907 levou os profissionais do setor a uma ação mais conservadora, que tornou até mais reduzida a produtividade dos profissionais por medo de erros que possam incriminá-los, avalia Dexheimer.

Situação dos aeroportos brasileiros é “alarmante”

A deficiência de infraestrutura no Brasil é gritante. Diversos estudos, inclusive um do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, apontam um estágio “alarmante” dos aeroportos brasileiros.

No entanto, apesar da situação atual, esse parece ser o elo da cadeia do setor aéreo que apresenta movimentos mais consistentes para superar seus gargalos. Até o fim do ano, a SAC quer fazer a concessão de três aeroportos: Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, e o Galeão, no Rio.

Neste ano o governo de Dilma Rousseff definiu que esse modelo de concessão é o mais interessante para superar as dificuldades atuais. “A previsão é de que esse crescimento da demanda que a gente vê hoje vai se manter, por isso essas ações para viabilizar a expansão da infraestrutura”, diz Clarice, da SAC.

As informações são"novohamburgo.org". Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Camila Santos 

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