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Faltam pessoal e treinamento, dizem profissionais da aviação

Um cenário nada positivo sobre a segurança dos voos no Brasil foi traçado por dois profissionais da aviação ouvidos pelo iG. Por um lado, o presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA), Edileuzo Cavalcante, criticou a falta de pessoal no setor e disse temer um novo acidente. Por outro, o comandante Carlos Camacho, do diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, cobrou um maior treinamento de pilotos e incremento nos sistemas de fiscalização.
“Hoje temos cerca de 3.150 controladores de voo no Brasil. Precisamos de pelo menos cinco mil. Essa falta de pessoal unida à infraestrutura insuficiente dos aeroportos e falta de fiscalização vai causar novos acidentes. Espero que não me interpretem mal e que isso não aconteça, mas a verdade tem que ser dita”, ponderou Cavalcante.

Segundo ele, além da falta de controladores de voo, a formação dos profissionais para o setor é ruim. Ele ainda fez críticas ao domínio militar do setor. “Para se ter uma ideia, tem controlador que é reprovado pelo instrutor, mas, como estamos sem pessoal, os oficiais da Aeronáutica, que decidem quem é homologado como controlador, colocam o cidadão para trabalhar, mesmo sem condição”.

Defensor da desmilitarização do controle de trafego aéreo, Cavalcante diz ter esperança na nova Secretaria da Aviação Civil (SAC). “Nos Estados Unidos, diversos países da Europa e na Argentina o controle está nas mãos dos civis. Espero que a SAC também faça isso por aqui”.

Entre os problemas do setor apontados por Cavalcante, está também a questão salarial. No início de carreira, um controlador recebe R$ 2,9 mil bruto. Ele alega que o salário está impedindo a renovação dos profissionais e até mesmo a manutenção daqueles que operam o setor.

“Abriu concurso para 150 controladores. Eles chegam, mas outros 100 saem. Os voos estão crescendo num ritmo de 20% ao ano, mas os controladores não. Na Copa vamos ter uma crise, pois, mesmo contratando mais gente, é preciso de dois, três anos até que a pessoa esteja boa para controlar o tráfego”, disse.

Em outro ponto do sistema, mais precisamente na cabine dos pilotos, o comandante Claudio Camacho criticou o treinamento dado a pilotos e co-pilotos que operam no sistema brasileiro, bem como a “distância de poder” que separa os mais novos dos mais experientes, sendo necessário um maior intercâmbio entre as gerações.

A formação mínima exigida mundialmente de um piloto é de pelo menos dois anos entre cursos e treinamento. Como o treinamento no ar custa caro, principalmente com o preço do combustível nas alturas, como se encontra hoje, é necessário o uso frequente dos simuladores.

“Alguém que tem 8 mil horas de voo, 10 mil horas, pode ir ao simulador uma vez por ano, mas para co-pilotos com até 4 mil horas é preciso colocar no simulador pelo menos quatro vezes por ano, para treinar manobras que tenha dificuldade e aumentar a segurança para uma operação real”, disse.

Para Camacho, também os pilotos e co-pilotos têm de assumir uma postura mais conservadora ao voar. Para ele, esses profissionais precisam aprender a dizer “não” e entender que a denúncia por condições precárias ou imprudentes, muitas vezes contra a própria empresa, é positiva.

“No Brasil tem o estigma de quem denuncia a empresa é alcaguete, é uma pessoa ruim. Mas na verdade é o contrário. Se existe algum problema na aeronave, estão pedindo para voar fora do peso, é preciso avisar os órgãos de controle. Às vezes o piloto pensa que se denunciar vão fechar a empresa e ele vai perder o serviço. Mas se perde mesmo o serviço, e a vida, quando a aeronave cai”, disse.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) possuem meios para que os profissionais apresentem denúncias anônimas.

Ministério Público pode mudar situação

Camacho também cobrou um maior empenho do Ministério Público no que diz respeito à aviação. Ele lembrou a proibição do fumo nas aeronaves, que foi iniciada após uma comissária de bordo reclamar da situação a dois promotores durante um voo.

“Eles entenderam que aquilo era ruim, foram para a Justiça e conseguiram proibir o fumo a bordo. O MP tem que ser mais ativo. Poderia agir no que diz respeito ao espaço entre as cadeiras, por exemplo. Isso não é conforto, é segurança. Ninguém com mais de um metro e setenta consegue se curvar na posição de emergência. Se não assumir a posição num acidente, vai haver ferimentos graves”, pontuou.

As informações são"Último Segundo - iG ".
Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Camila Santos

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