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Mesmo com crescimento recorde, companhias aéreas demitem

José Carlos Ferreira era agente de bagagem e rampa da TAM no aeroporto de Guarulhos até o início de abril. Com o reforço das horas extras, conseguia fazer até R$ 1,8 mil, brutos, por mês. Dizia-se motivado, acabara de reformar a casa com um empréstimo bancário e tinha a promessa de ir para o setor de manutenção, onde voltaria a estudar – exigência da nova função – e poderia ganhar mais. Plano feito, plano frustrado: Ferreira foi demitido há pouco mais de um mês, ficou com uma pendura de R$ 20 mil na Caixa, que financiou a reforma da casa, tem tido dificuldade para arranjar novo trabalho aos 45 anos de idade e, requinte de crueldade, teve seu cartão bancário clonado. Os larápios levaram R$ 1.510 de sua conta, segundo o B.O. lavrado pelas autoridades.



O agora ex-agente de bagagem foi um dos 180 profissionais desligados da TAM apenas no aeroporto Guarulhos neste ano, segundo o Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos. Esse número representa quase 10% dos cerca de dois mil trabalhadores que atuam em solo para a companhia no terminal. Um a cada dez trabalhadores substituídos em um intervalo de quatro meses – em um setor que, a despeito da ascendente demanda por voos, continua a demitir, ainda que as vagas, por vezes, sejam posteriormente repostas. “Nem o pessoal da supervisão entendeu (a demissão). Disseram que a ordem era de um diretor”, afirma Ferreira.
A Gol informou ter eliminado 1,1 mil vagas no primeiro trimestre. Não é por falta de passageiro ou de resultado. No período, a companhia elevou seu lucro em 362% e o mercado de aviação cresceu 20% no Brasil. E mesmo com os cortes, o cheque da Gol para pagar a conta com os trabalhadores chegou a R$ 360 milhões, ou 20% da despesa total. A companhia tem 18,7 mil funcionários e vai economizar R$ 45 milhões por ano com os empregos eliminados.


O enxugamento da equipe não é uma tarefa difícil para as companhias. Com uma rotatividade alta de funcionários, é fácil cortar vagas mesmo sem demitir. Foi o que fez a Gol, por exemplo. Para eliminar os 1,1 mil de postos de trabalho, a companhia estima que dispensou entre 200 e 250 funcionários. A não-reposição de vagas abertas completou o restante do corte, segundo o diretor financeiro da companhia, Leonardo Pereira.
Todos os meses, cerca de 500 trabalhadores da TAM e 400 da Gol são desligados, de acordo com estimativas do Sindicato Nacional dos Aeroviários. Esse número inclui pilotos, comissários e funcionários de solo que se demitiram ou foram demitidos.
Essa rotatividade é fruto do alto grau de exigência das companhias aéreas para funções com baixos salários, diz o especialista em aviação Nelson Riet. “Os funcionários precisam atender índices de produtividade que, se não atingidos, podem provocar demissões. Muitos não aguentam e se demitem antes”.
"Estou aeroviário"
É o que explica um fenômeno que, segundo a presidente do sindicato dos aeroviários, Selma Balbino, é cada vez mais evidente no setor. “Nós não temos mais aeroviários. Temos pessoas que estão aeroviárias, ficam um pouco e logo saem”, afirma. “E o algo mais que atraía profissionais mais jovens, que era poder viajar de graça, perdeu o sentido. Hoje dá para parcelar as passagens em muitas vezes”.
Em muitos casos, as empresas têm reposto as vagas com gente que ganha menos, segundo a dirigente. Mas a alta rotatividade não se explica apenas com as demissões. “O pessoal mais novo não quer saber. Na primeira chuva que pega carregando um avião com dez toneladas de carga, se assusta. Já vi gente que não aguentou no primeiro dia”, relata o ex-agente José Carlos Ferreira.
A equipe de solo tem sido a mais prejudicada nas trocas e demissões de profissionais. O caso mais recorrente é entre os agentes de check-in. Há denúncias no sindicato de que as empresas têm substituído funcionários com salários médios de R$ 1,3 mil por auxiliares contratados por cerca de R$ 800 para executar a mesma função. No caso dos pilotos, a escassez de profissionais e o elevado custo de treinamento inibem parte das demissões. Estima-se que as companhias aéreas invistam até R$ 25 mil na formação de cada piloto.
A eliminação de vagas de agentes de check-in pode estar relacionada a investimentos das companhias na automatização de processos. É a equação que as companhias aéreas têm encontrado para crescer com menos empregos e, consequentemente, custos menores. Mas, se é positiva, a automação é também inócua se não estiver acompanhada de profissionais qualificados. “A demora no check-in é uma das principais causas de aiet.
Rotatividade adeqtrasos de voos”, diz o especialista Nelson Ruada
A TAM informa que sua rotatividade é “adequada para uma empresa que emprega mais de 29 mil pessoas” – a companhia argumenta, contudo, que a rotatividade é de 300 pessoas por mês. Em nota, a empresa diz também ter 600 vagas a serem preenchidas em seus quadros e que, no balanço entre desligamentos e admissões, tem 4% mais funcionários hoje do que tinha em dezembro.
A nota da companhia passa ao largo dos 180 cortes no terminal de Guarulhos ocorridos nos últimos meses. “Ninguém sabe por que foi demitido. Queremos saber o critério”, afirma Orison Melo, presidente do sindicato de aeroviários do terminal.
A folha de pagamento é o segundo maior custo operacional das empresas, atrás apenas do combustível. Ela não foi poupada da hoje universal política de baixo custo das companhias do setor.

Fonte/Via:Patrick Cruz e Marina Gazzoni, iG São Paulo
 Este conteúdo divulgado neste Blog, Sempre é citado como fonte e o link de referência. O conteúdo divulgado e de Responsabilidade de:Denilson Pereira

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