A companhia aérea alemã Lufthansa contratou à construtora de aviões americana Boeing 20 modelos 747-8, quer de passageiros, os intercontinentais, quer de carga. O primeiro será entregue no início do próximo ano, e os demais preencherão a frota alemã até 2015, existindo ainda opção para comprarem mais 20 aviões deste modelo.
Destinados para grandes voos intercontinentais, os Boeing 747-8 concorrerão directamente com o Airbus A 380, já em utilização pela companhia aérea alemã, cada vez mais global. Depois de operar nas rotas para Tóquio, Beijing, Joanesburgo, Nova Iorque, São Francisco (desde Maio), desde 10 de Junho chegou a Miami e a partir de 30 de Outubro fará Singapura, tudo voos a partir do ‘hub’ alemão em Frankfurt. O Airbus A380, que não se prevê venha a escalar em Portugal, é o actual maior avião de passageiros do mundo, podendo transportar 526 passageiros. O PÚBLICO viajou neste gigante dos ares desde Frankfurt até São Francisco, um avião todo em dois pisos: em baixo a económica, e em cima a executiva e a primeira classe exclusiva e novíssima, com a maior cama da indústria e a possibilidade de tomar duche na viagem, para oito lugares por cerca de 10.000 Euros cada! Em executiva, o voo custará cerca de 2800 Euros e a económica menos de 1000 Euros, tudo preços ida e volta até à outra ponta dos Estados Unidos da América, na sua costa Oeste. Mas já é possível experimentar por apenas 399 Euros, até Nova Iorque desde Frankfurt.
Boeing 747-8 concorrerá com o actual Airbus A380
A aposta da Lufthansa nestes enormes aviões visam ganhar grandes economias de escala com estes voos transatlânticos cheios, chegando mesmo a oferecerem a dormida em Frankfurt para os passageiros vindos de toda a Europa apanharem os aviões cedo no ‘hub’, bem perto da sede da companhia, como foi o caso do avião para São Francisco, que parte diariamente às 9h35m, chegando às 11h55m locais. Para o outro lado do mundo, a Ásia, o voo LH 778 para Singapura, partirá às 22h05m de Frankfurt, chegando no dia seguinte, às 16h55, ao fundo da península da Malásia.
Também nos aviões de carga, a Lufthansa aposta no modelo Boeing 747-8, liderando assim este mercado a nível mundial. Aliás, o primeiro Boeing 747-8 a ser entregue e ao serviço público será um de carga a entregar à companhia luxemburguesa CargoLux no Verão. Este avião apresenta-se ao público especializado dias 21 e 22 de Junho na feira aeronáutica em Le Bourget, Paris, donde partirá depois para o Luxemburgo. Já quanto ao modelo para passageiros (diferente exteriormente no nariz e nas janelas, com assentos, etc...), o primeiro vai ser entregue a um cliente VIP ainda este ano, por 319 milhões de dólares: “talvez a um xeique árabe”, confidenciou em conferência de imprensa a vice-presidente da Boeing para estes aviões, Elisabeth Lund, na fábrica da Boeing em Everett, Seattle. Elisabeth Lund mantém a esperança de um dia fornecer o Governo dos Estados Unidos da América, já que o Air Force One presidencial de Barack Obama precisa de ser substituído, estando a Boeing Business Jets atenta, tendo já oito aviões encomendados. Para a equipa de Elisabeth Lund, 2011 é o ano do 747, até pela apresentação na Paris Air Show! Recorde-se que o actual Airbus A380 começou por ser um projecto conjunto da Airbus e da Boeing, que esta abandonou a meio por entender ser grande demais, apostando por isso num avião, o 747-8 não tão grande, para 400 a 500 passageiros (dependendo da distribuição no interior), intermédio entre as 555 cadeiras do Airbus A380 base e as 365 do Boeing 777-300 ER, podendo aterrar em qualquer aeroporto onde os outros 747 escalam.
Para nove clientes, estão já encomendados 114 aviões Boeing 747-8, que a enérgica Elisabeth Lund diz ser o avião mais eficiente e com o custo por assento mais baixo, com destaque para as encomendas vindas da Ásia, principalmente da japonesa ANA (8), da coreana do Sul Korean Air (5) e da chinesa Air China (5), apenas existindo uma encomenda da Península Ibérica, da espanhola Air Europa. Este projecto aeronáutico começou em 2004 e o seu desenvolvimento já prevê o futuro Boeing 747-9, em 2013!
O segundo Boeing 747-8 para passageiros será entregue à Lufthansa no início do próximo ano, que beneficia assim de ser “cliente pioneiro”, na medida em que colabora com a construtora no produto final, além das soluções específicas para os seus passageiros, principalmente nas zonas executivas e primeira classe! A colaboração da Boeing com a Lufthansa é tão estreita que vários técnicos da companhia alemã estão em permanência nos Estados Unidos da América, fruto da confiança de 50 anos de colaboração iniciada em 1957 para o Boeing 707, o primeiro avião a jacto em 1957. A Lufthansa orgulha-se particularmente da colaboração para o Boeing 737, que “não teriam existido se a nossa companhia não o ajudasse a desenvolver, e ainda temos muitos, 63”, explicou o director da comunicação da Lufthansa Europa, Aage Duenhaupt. Numa revista produzida para o efeito pela Lufthansa e pela Boeing diz-se mesmo que o Boeing 737, o mais vendido do mundo, é “made” by Lufthansa...
Testes na Boeing em Seattle
Estes aviões estão agora nas fases finais de teste, tendo o PÚBLICO estado dentro do que vai ser entregue à Lufthansa no próximo ano, o terceiro em testes. Embora ainda não completos, percebe-se que os seis lugares por fila na executiva garantirão maior privacidade nas cadeiras-cama, principalmente nos dois centrais, que serão na oblíqua. A Boeing é mesmo um símbolo de Seattle e grande empregador desta cidade moderna do estado de Washington, na fronteira com o Canadá. Além das instalações fabris em Everett, a gigante americana tem noutra parte da cidade o “Centro de Experiências dos Consumidores” – perto de parte da administração, embora a sede seja na Carolina, na outra costa dos EUA, a Este – e relativamente perto do aeroporto internacional a zona de testes, contígua a um aeroporto público, donde partem para fazer os testes com os seus aviões numerados a azul e branco com as novidades e que atravessam a própria baixa da cidade, junto ao famoso Pier Market e à baía portuária. Enquanto a comitiva mediática ibérica estava dentro do 747-8 da Lufthansa, ao lado de um cargueiro, outro em testes aterrava ao lado e outros aviões utilizavam a pista, quer pequenos quer militares em treino. A equipa de testes, liderada por Brian Johnson, já voou mais de 100 horas no Boeing 747-8, em 7 ou 8 voos, e dentro do avião estavam cerca de 20 técnicos – um da Venezuela - com aparelhos especializados, simulando situações, etc... No avião em que estivemos dentro às 17horas, estava a trabalhar desde as 03h, para simular e testar a reacção dos motores e de tudo, mesmo em terra! Normalmente, todos os aviões, depois de saírem da fábrica em Everett estão pelo menos uma semana em testes, e só depois de alguns voos são entregues ao cliente. Num novo modelo de avião, os testes ainda são mais exigentes, bem como a formação dada aos pilotos das companhias clientes, obviamente.
A fábrica em Everett é colossal, enorme, quatro milhões de metros quadrados cobertos, sendo assim o maior edifício do mundo, à superfície, maior que a Disneyland, na Califórnia, atraindo também muitas visitas turísticas. A linha de produção de aviões é incrível: edifício-hangar único, com um pé-direito muito alto, imensas pessoas a trabalhar em contínuo (três turnos de trabalhadores de 8horas cada asseguram uma laboração de 24h/dia, totalizando 30 mil trabalhadores, que têm à saída da fábrica o sindicato sectorial...), restaurantes/cantinas/cafés – incluindo da Starbucks, que curiosamente nasceu em Seattle – espalhados pelo edifício, bicicletas, carrinhas e carros tipo golf para se deslocarem nos locais adequados e os enormes aviões à porta de saída, como se estivessem no aeroporto à espera da sua vez... Cada avião demora cerca de 126 dias a ser construído e é revestido de uma película verde que protege os materiais durante o fabrico, naturalmente por peças que depois se vão juntando, quase como num puzzle. O Boeing 747-8 já está 95% feito e certificado, tendo mesmo o de carga para a CargoLux atravessado o Oceano Atlântico utilizando 15% de biocombustível, certificado.
Fonte/Via: Público.pt
Este conteúdo divulgado neste Blog, Sempre é citado como fonte e o link de referência. O conteúdo divulgado e de Responsabilidade de:Denilson Pereira
Destinados para grandes voos intercontinentais, os Boeing 747-8 concorrerão directamente com o Airbus A 380, já em utilização pela companhia aérea alemã, cada vez mais global. Depois de operar nas rotas para Tóquio, Beijing, Joanesburgo, Nova Iorque, São Francisco (desde Maio), desde 10 de Junho chegou a Miami e a partir de 30 de Outubro fará Singapura, tudo voos a partir do ‘hub’ alemão em Frankfurt. O Airbus A380, que não se prevê venha a escalar em Portugal, é o actual maior avião de passageiros do mundo, podendo transportar 526 passageiros. O PÚBLICO viajou neste gigante dos ares desde Frankfurt até São Francisco, um avião todo em dois pisos: em baixo a económica, e em cima a executiva e a primeira classe exclusiva e novíssima, com a maior cama da indústria e a possibilidade de tomar duche na viagem, para oito lugares por cerca de 10.000 Euros cada! Em executiva, o voo custará cerca de 2800 Euros e a económica menos de 1000 Euros, tudo preços ida e volta até à outra ponta dos Estados Unidos da América, na sua costa Oeste. Mas já é possível experimentar por apenas 399 Euros, até Nova Iorque desde Frankfurt.
Boeing 747-8 concorrerá com o actual Airbus A380
A aposta da Lufthansa nestes enormes aviões visam ganhar grandes economias de escala com estes voos transatlânticos cheios, chegando mesmo a oferecerem a dormida em Frankfurt para os passageiros vindos de toda a Europa apanharem os aviões cedo no ‘hub’, bem perto da sede da companhia, como foi o caso do avião para São Francisco, que parte diariamente às 9h35m, chegando às 11h55m locais. Para o outro lado do mundo, a Ásia, o voo LH 778 para Singapura, partirá às 22h05m de Frankfurt, chegando no dia seguinte, às 16h55, ao fundo da península da Malásia.
Também nos aviões de carga, a Lufthansa aposta no modelo Boeing 747-8, liderando assim este mercado a nível mundial. Aliás, o primeiro Boeing 747-8 a ser entregue e ao serviço público será um de carga a entregar à companhia luxemburguesa CargoLux no Verão. Este avião apresenta-se ao público especializado dias 21 e 22 de Junho na feira aeronáutica em Le Bourget, Paris, donde partirá depois para o Luxemburgo. Já quanto ao modelo para passageiros (diferente exteriormente no nariz e nas janelas, com assentos, etc...), o primeiro vai ser entregue a um cliente VIP ainda este ano, por 319 milhões de dólares: “talvez a um xeique árabe”, confidenciou em conferência de imprensa a vice-presidente da Boeing para estes aviões, Elisabeth Lund, na fábrica da Boeing em Everett, Seattle. Elisabeth Lund mantém a esperança de um dia fornecer o Governo dos Estados Unidos da América, já que o Air Force One presidencial de Barack Obama precisa de ser substituído, estando a Boeing Business Jets atenta, tendo já oito aviões encomendados. Para a equipa de Elisabeth Lund, 2011 é o ano do 747, até pela apresentação na Paris Air Show! Recorde-se que o actual Airbus A380 começou por ser um projecto conjunto da Airbus e da Boeing, que esta abandonou a meio por entender ser grande demais, apostando por isso num avião, o 747-8 não tão grande, para 400 a 500 passageiros (dependendo da distribuição no interior), intermédio entre as 555 cadeiras do Airbus A380 base e as 365 do Boeing 777-300 ER, podendo aterrar em qualquer aeroporto onde os outros 747 escalam.
Para nove clientes, estão já encomendados 114 aviões Boeing 747-8, que a enérgica Elisabeth Lund diz ser o avião mais eficiente e com o custo por assento mais baixo, com destaque para as encomendas vindas da Ásia, principalmente da japonesa ANA (8), da coreana do Sul Korean Air (5) e da chinesa Air China (5), apenas existindo uma encomenda da Península Ibérica, da espanhola Air Europa. Este projecto aeronáutico começou em 2004 e o seu desenvolvimento já prevê o futuro Boeing 747-9, em 2013!
O segundo Boeing 747-8 para passageiros será entregue à Lufthansa no início do próximo ano, que beneficia assim de ser “cliente pioneiro”, na medida em que colabora com a construtora no produto final, além das soluções específicas para os seus passageiros, principalmente nas zonas executivas e primeira classe! A colaboração da Boeing com a Lufthansa é tão estreita que vários técnicos da companhia alemã estão em permanência nos Estados Unidos da América, fruto da confiança de 50 anos de colaboração iniciada em 1957 para o Boeing 707, o primeiro avião a jacto em 1957. A Lufthansa orgulha-se particularmente da colaboração para o Boeing 737, que “não teriam existido se a nossa companhia não o ajudasse a desenvolver, e ainda temos muitos, 63”, explicou o director da comunicação da Lufthansa Europa, Aage Duenhaupt. Numa revista produzida para o efeito pela Lufthansa e pela Boeing diz-se mesmo que o Boeing 737, o mais vendido do mundo, é “made” by Lufthansa...
Testes na Boeing em Seattle
Estes aviões estão agora nas fases finais de teste, tendo o PÚBLICO estado dentro do que vai ser entregue à Lufthansa no próximo ano, o terceiro em testes. Embora ainda não completos, percebe-se que os seis lugares por fila na executiva garantirão maior privacidade nas cadeiras-cama, principalmente nos dois centrais, que serão na oblíqua. A Boeing é mesmo um símbolo de Seattle e grande empregador desta cidade moderna do estado de Washington, na fronteira com o Canadá. Além das instalações fabris em Everett, a gigante americana tem noutra parte da cidade o “Centro de Experiências dos Consumidores” – perto de parte da administração, embora a sede seja na Carolina, na outra costa dos EUA, a Este – e relativamente perto do aeroporto internacional a zona de testes, contígua a um aeroporto público, donde partem para fazer os testes com os seus aviões numerados a azul e branco com as novidades e que atravessam a própria baixa da cidade, junto ao famoso Pier Market e à baía portuária. Enquanto a comitiva mediática ibérica estava dentro do 747-8 da Lufthansa, ao lado de um cargueiro, outro em testes aterrava ao lado e outros aviões utilizavam a pista, quer pequenos quer militares em treino. A equipa de testes, liderada por Brian Johnson, já voou mais de 100 horas no Boeing 747-8, em 7 ou 8 voos, e dentro do avião estavam cerca de 20 técnicos – um da Venezuela - com aparelhos especializados, simulando situações, etc... No avião em que estivemos dentro às 17horas, estava a trabalhar desde as 03h, para simular e testar a reacção dos motores e de tudo, mesmo em terra! Normalmente, todos os aviões, depois de saírem da fábrica em Everett estão pelo menos uma semana em testes, e só depois de alguns voos são entregues ao cliente. Num novo modelo de avião, os testes ainda são mais exigentes, bem como a formação dada aos pilotos das companhias clientes, obviamente.
A fábrica em Everett é colossal, enorme, quatro milhões de metros quadrados cobertos, sendo assim o maior edifício do mundo, à superfície, maior que a Disneyland, na Califórnia, atraindo também muitas visitas turísticas. A linha de produção de aviões é incrível: edifício-hangar único, com um pé-direito muito alto, imensas pessoas a trabalhar em contínuo (três turnos de trabalhadores de 8horas cada asseguram uma laboração de 24h/dia, totalizando 30 mil trabalhadores, que têm à saída da fábrica o sindicato sectorial...), restaurantes/cantinas/cafés – incluindo da Starbucks, que curiosamente nasceu em Seattle – espalhados pelo edifício, bicicletas, carrinhas e carros tipo golf para se deslocarem nos locais adequados e os enormes aviões à porta de saída, como se estivessem no aeroporto à espera da sua vez... Cada avião demora cerca de 126 dias a ser construído e é revestido de uma película verde que protege os materiais durante o fabrico, naturalmente por peças que depois se vão juntando, quase como num puzzle. O Boeing 747-8 já está 95% feito e certificado, tendo mesmo o de carga para a CargoLux atravessado o Oceano Atlântico utilizando 15% de biocombustível, certificado.
Fonte/Via: Público.pt
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