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Em reabilitação, ex-presidente da Azul fala de Blumenau, aviação, Tecnoblu e uma nova vida

Aos 54 anos, o executivo Pedro Janot enfrenta a fase mais difícil da vida. Com história construída na Mesbla, Americanas, Richard’s, Zara e Pão de Açúcar, o executivo, no auge pessoal e profissional, caiu de um cavalo e perdeu os movimentos do pescoço para baixo. Isso foi há dois anos, quando era presidente da Azul Linhas Aéreas.

Hoje, conselheiro da Azul e da blumenauense Tecnoblu – fabricante de acessórios para a indústria da moda – Janot luta pra se recuperar. Veio a Blumenau na semana que passou para reuniões na empresa da Itoupava Central. Em cadeira de rodas, exausto, mas ainda empolgado, Janot conversou com a coluna sobre a conjuntura econômica, aviação e a experiência dele com o acidente.
Já conhecia Blumenau?
Pedro Janot – Eu conhecia. Trabalhei muito com a Dudalina, com a Sônia, Duca, Ruizinho, e com outras empresas, mas a Dudalina marcou pela simpatia da família. Vim à primeira Oktoberfest, depois daquela enchente. Fui comprador da Mesbla e estava aqui comprando alguma coisa. Vi uma festa linda, ainda muito original, com os colonos, roupas e comida típicas. Gosto muito dessa região.
Como se aproximou da Tecnoblu?
Janot – Foi através da Endeavor (organização que incentiva o empreendedorismo). Fui mentor deles. Tivemos uma conversa de uma hora e meia e depois eles me convidaram para participar do conselho para ajudar a companhia a dar os passos largos que ela tiver oportunidade de dar. Vejo uma empresa com diferenciais importantes. E agora, tendo um sócio, um fundo de private equity, pode realmente trazer a ambição da Tecnoblu de ser uma companhia internacional, capitalizada e estruturada.
A Tecnoblu se mostra uma empresa ousada, com crescimentos significativos. É recomendável essa ousadia?
Janot – Acho que vale a pena. O mercado têxtil no Brasil começa a se profissionalizar agora. Muitas cadeias começam a se organizar porque o consumidor quer mais por menos. Temos um desemprego funcional, quer dizer, não tem mais onde entrar renda. O mercado vai crescer para quem tiver iniciativa inovadora, e esse consumidor, que alcançou um patamar de renda e o levou a consumir mais, vai manter esse patamar de consumo. Então, céu azul para a Tecnoblu.
De quem depende o desenvolvimento da aviação regional no Brasil?
Janot – Do governo federal. A Azul já faz. Depois da fusão com a Trip, a Azul atende 100 destinos, dos quais 50 são absolutamente regionais. Agora, são aeroportos com pouquíssima estrutura. Tem um que antes do pouso alguém pega a moto para tirar as capivaras da pista. Parece engraçado, mas não é. O Brasil é um país que está se interiorizando economicamente, pelas fronteiras agrícolas, minerais, e é um país com grandes cidades espalhadas, com nenhum transporte aéreo. O que nós fazemos hoje ainda é muito pouco.
Temos um aeroporto que hoje serve para um aeroclube e voos particulares. Vale a pena investir nele tendo o Aeroporto de Navegantes a 40 quilômetros?
Janot – Os aeroportos vão se especializar. Em São Paulo, uma companhia vai construir um aeroporto exclusivamente para a aviação executiva. Existe uma chance para esse aeroporto, na minha opinião, para a aviação executiva que pode ter um serviço de helicóptero. O aeroporto daqui tem muita lenha pra queimar, dá pra fazer muita coisa dele. São vocações diferentes.
O que muda na cabeça de um executivo com o episódio do acidente?
Janot – Primeira vez que alguém me pergunta isso. Foi um dos maiores traumas da minha vida. Antes de um feriado, feliz com a família, com a profissão, um homem realizado e, aos 52 anos, forte, esportista, ainda que acima do peso, já que trabalhava mais do que tinha lazer. De repente você se vê numa cama sem se mexer do pescoço para baixo. Duas coisas eu estou aprendendo. Primeiro, que você pode trabalhar, mas tem que equilibrar um pouco as coisas. Segundo: estou vivendo o maior desafio como CEO da minha vida. Você tem que cultuar a paciência, algo que você não pode ter como líder de companhia. Você querer coçar o seu nariz, não poder e não ter ninguém perto para coçar. Ninguém imagina o que isso significa.
Além da paciência, percebeu algo mais de diferente?
Janot – Aumentou o lado espiritual. Como executivo, eu sempre trabalhei todos os lados, menos o espiritual. Raramente eu perdi o controle. Quando chorei, chorei eu e minha esposa sozinhos, e foram poucas vezes. Tem que manter a família e os filhos alinhados com você, sem brigar com eles, sem ser rabugento, já que você está preso numa cadeira de rodas. E vamos levando. As coisas estão indo bem. A lesão parece ser menos grave do que parecia e a recuperação está vindo. Ninguém sabe quanto tempo vai demorar. Cada história é uma história. Eu estou brigando para minha história ser bem rápida.

As informações são"Zero Hora".Sempre é citado o link de referência. O conteúdo é de Responsabilidade:Douglas Pereira

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