A Iberia enfrenta o “sério risco” de ter que fechar se não solucionar os problemas estruturais crónicos de que padece — é o alerta do seu presidente, Antonio Vázquez, numa carta aos clientes sobre o momento que a companhia espanhola está a viver e a recusa pelos sindicatos do seu plano de reestruturação.
A mensagem, a que o PressTUR teve acesso, é especialmente crítica em relação aos sindicatos, que já avançaram com a convocação de uma greve para os dias 14 e 17 a 21 de Dezembro, que classifica de “simplesmente revoltante”, na medida em que a Administração “está aberta a negociar todos os pontos do plano”.
“A nossa única condição é que o acordo resultante possa resolver os nossos persistentes e crónicos problemas estruturais de uma vez por todas, porque de outro modo há um sério risco da Iberia ter que fechar, e isso é algo que não queremos contemplar”, escreve Antonio Vázquez, que também recrimina o facto de os sindicatos terem avançado para a greve não como último recurso, que seria “legítimo”, mas mesmo antes de qualquer esforço de negociação.
Em todo o caso, na eventualidade de a ameaça de greve se efectivar, os clientes podem estar certos que a companhia vai fazer todos os esforços para minimizar o seu impacto, acrescenta Antonio Vázquez, que também refuta na carta as acusações “maliciosas” que culpam a British Airways pelos problemas que a Iberia está a atravessar.
“O facto é que entre muitos outros benefícios, as sinergias decorrentes da fusão [no IAG] já ascendem a cerca de cem milhões de euros para a Iberia, uma verba que é certo irá aumentar no futuro”, diz ainda Antonio Vázquez, que também salienta que a integração na holding IAG permitiu à companhia espanhola acesso a financiamentos que de outra forma lhe estariam vedados e beneficiou os seus clientes com uma rede de destinos mais ampla.
Sindicalistas da Iberia têm acusado a British Airways de estar a esvaziar a companhia espanhola em benefício próprio, o que Antonio Vázquez refuta, dizendo que ambas têm beneficiado de economias de escala que as tornam mais eficientes e mais capazes de servir os clientes e accionistas.
Apesar desses benefícios, Antonio Vázquez confirma que nos últimos quatro anos a Iberia perdeu quase 900 milhões de euros “e apresenta agora perdas de mais de um milhão de euros em cada dia”
“Nenhuma companhia em qualquer indústria pode aguentar tal situação indefinidamente”, escreve Antonio Vázquez na carta aos clientes, na qual frisa também que apesar de um “passado glorioso”, a Iberia, que celebra o 85º aniversário, precisa de “lutar para garantir que tem futuro”.
Antonio Vázquez, que diz ter escrito a carta para pessoalmente informar os clientes dos planos da companhia, salienta ainda na missiva que se é certo que o plano implica “sofrimento”, como uma “substancial redução de pessoal (e) cortes dos salários”, também prevê investimento em aviões, novas instalações e melhoria do serviço ao clientes.
Na mesma linha, Antonio Vázquez destaca que o plano não prevê só encerramento de rotas e redução de capacidade em outras, “mas também aumento em algumas rotas, que serão anunciadas brevemente”.
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