Nove obras de oito aeroportos do Mundial de 2014 serão iniciadas somente a partir de 2012, a aproximadamente um ano da abertura da Copa das Confederações. É o que aponta cronograma divulgado pela Infraero no início deste mês.
Segundo a estatal, no total, serão 23 obras nos 13 aeroportos da Copa do Mundo. Cinco já estão em andamento e outras nove têm data de início marcada para 2011.
Na comparação com outros três cronogramas divulgados pela Infraero - em março, maio e novembro de 2010 -, 16 obras de 13 aeroportos foram adiadas, com atraso médio de 20 meses.
O caso mais grave é o do aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus. As obras de ampliação do terminal deveriam ter começado em janeiro de 2009, mas foram prorrogadas para novembr o deste ano, após 34 meses.
Mesmo com o adiamento, a Infraero manteve a data de entrega dos aeroportos. "Eventuais atrasos nas fases de licitação de projetos e obras serão compensados durante a execução da obra", diz a empresa em nota.
Planejamento
De acordo com Claudemiro Santos Jr., presidente do Sinaenco-BA, o não cumprimento dos prazos está relacionado com a falta de planejamento de médio e longo prazo. "O planejamento deveria ter ocorrido quando o Brasil foi escolhido para sede da Copa, em 2007."
Para o professor Elton Fernandes, da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia), ocorreu um "subdimensionamento" em relação aos planos. "O brasileiro mudou o hábito e passou a viajar mais de avião. O investimento não acompanhou a demanda."
Cuiabá
A modernização do aeroporto Marechal Rondon, em Cuiabá, por exemplo, teria início em dezembro de 2009. Em maio do ano passado, foi adiada para janeiro de 2012. O último prazo da Infraero prevê obras apenas em março de 2012 (27 meses após o primeiro cronograma).
A expectativa é que a área do atual terminal passe de 5,5 mil m² para 13 mil m². A capacidade aumentará de 1,6 milhão para 2,8 milhões de passageiros por ano. Em 2010, contudo, cerca de 2,1 milhões de pessoas utilizaram o aeroporto da capital mato-grossense, quando ele já operava acima da capacidade.
A demanda foi 27% maior em relação a 2009. Se o crescimento continuar nesse ritmo, o aeroporto deverá receber quase 3 milhões de pessoas já em 2011. Ou seja, a obra que será concluída em julho de 2013 não surtirá efeito, pois o terminal já estará saturado.
Puxadinho
Hoje, apenas os aeroportos de Viracopos (Campinas), São Paulo (Guarulhos), São Gonçalo do Amarante (RN) e Galeão estão em obras. Em Campinas, porém, as duas maiores intervenções, orçadas em R$ 737 milhões, também só terão início em 2012. < br>
Desde outubro do ano passado um Módulo Operacional Provisório (MOP), o chamado "puxadinho", é erguido no aeroporto. O mesmo deve ser feito Brasília, Cuiabá, Guarulhos e Porto Alegre.
Segundo o presidente do Sinaenco-BA, na situação atual, com os aeroportos operando no limite, os módulos são uma boa alternativa. "O problema é quando as soluções temporárias se tornam permanentes."
Durante o Mundial, a Infraero deve utilizar alternativas para receber os turistas, como a utilização de horários fora do pico e voos extras no mês do torneio. Para Sérgio Parada, arquiteto e autor do projeto de Brasília, no entanto, é preciso atender às demandas atuais, pois esses artifícios serão eficientes somente durante a Copa. "Não temos terminal nem para atender a atual demanda. Vai ser difícil vencer a barreira desses três anos", disse.
Via:Portal 2014, por Diego Salgado
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