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Aviação executiva deve dobrar e gerar US$ 2 bi

Com a expectativa de praticamente dobrar de tamanho este ano, a aviação executiva brasileira espera que as vendas de aviões de pequeno e médio porte, e de helicópteros, típicos da atividade, atinjam US$ 2 bilhões este ano. Somente para a principal feira nacional da área, a Latin American Business Aviation Conference and Exhibition (Labace) 2011, prevista para o mês de agosto, a previsão é de que as transações alcancem US$ 550 milhões.

"O tamanho da frota da aviação executiva nacional é mais que o dobro do de nossa aviação comercial, o que poucos sabem", observa Francisco Lyra, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) - que organiza a Labace. Ao contrário do que parece, não se trata de um luxo para milionários. A bola da vez é a venda de aeronaves para transporte de pessoas e equipamentos para plataformas petrolíferas em alto mar, o que neste ano deve movimentar cerca de R$ 800 milhões, conforme estimativas do setor aéreo. Hoje cerca de 100 helicópteros estão ocupados em apoiar a indústria petrolífera nacional, e com o pré-sal tal quantidade certamente aumentará, estima o mercado. 

Já o taxi aéreo tradicional, que abarca aviões e helicópteros de uso urbano, deve faturar perto de R$ 350 milhões em 2011. A cidade de São Paulo, aliás, abriga a maior frota de helicópteros do planeta: 452 aparelhos, além de quase 280 helipontos, e deixa para trás Nova York, com 445 unidades.

Táxi aéreo

Números e projeções desta ordem de grandeza resultam de diversos fatores para o mercado. O Brasil, em primeiro lugar, tem dimensões continentais. Conta com cerca de 5.600 municípios, dos quais apenas 124 são atendidos pela aviação comercial. Todos os demais dependem da aviação executiva quando precisam ser acessados por via aérea. E o real valorizado aumentou o poder de compra dos empresários brasileiros, os principais usuários dos serviços do setor.

"Nos últimos anos, temos tido um crescimento consistente de 5 a 7% ao ano, e em 2011 esperamos repetir esta performance", revela Leonardo Fiuza, diretor Comercial da TAM Aviação Executiva. A companhia (que não faz parte da holdingTAM, embora pertença à família Amaro) surgiu em 1961 como um serviço de táxi aéreo que atendia o norte do Paraná. Hoje é uma gigante neste campo, e conta com frota própria de 5 jatos e 1 helicóptero.

"Vamos investir, em 2011, prioritariamente no aumento de nossa capacidade de manutenção de aviões, a qual usamos tanto para aparelhos próprios como de terceiros", revela Fiuza. A diversificação de atividades é uma tendência do setor: quase todas as grandes players nacionais da aviação executiva também vendem aviões e gerenciam aparelhos de terceiros - além de proverem táxi aéreo, que permanece como foco principal das companhias.


Vaidade


O gerenciamento de aeronaves, em especial, cresce com vigor dentro da aviação executiva na frota aérea nacional. A Jet Aviation, maior empresa do tipo no mundo, surgiu com uma pequena representação no Brasil em 2005, expandiu-se, e, no início de 2011, inaugurou um grande complexo composto por hangar próprio e demais instalações no aeroporto de Sorocaba.


"Para a maioria dos proprietários de avião sai caro demais e é muito trabalhoso arcar com a manutenção operacional da aeronave. O que oferecemos é justamente isto", explica Luiz Gustavo Ribeiro, gerente de Vendas e Marketing da empresa no Brasil. Uma das sedes da Jet Aviation, por sinal, fica em Teterboro, nos EUA - o principal aeroporto do mundo dedicado à aviação executiva. "O gerenciamento de aeronaves tem tudo para crescer no Brasil, mas ainda sofremos um pouco com a vaidade de alguns pilotos locais que fazem questão de cuidar eles mesmos da manutenção dos aviões que pilotam - uma visão equivocada das próprias atribuições", observa Ribeiro. A Jet Aviation também fornece serviço de táxi aéreo no Brasil.


Demandas

O Brasil representa, sozinho, 5% do mercado mundial de aviação executiva, ao passo que a América Latina como um todo representa 7%. A frota brasileira da área é a 2ª maior do planeta. E, ainda mais relevante, apenas nos últimos três anos a quantidade de aeronaves para uso privado vendidas no País cresceu expressivos 76,2%, de acordo com apuração da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Dados como estes respaldam as lideranças do setor em algumas reinvidicações.

"Antes de mais nada, é preciso que as autoridades combatam os táxis aéreos piratas, que prestam este serviço sem ter autorização para fazê-lo", defende Fernando Alberto dos Santos, superintendente do Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo (Sneta). "Eles operam sem segurança e sem pagar impostos, prejudicando passageiros e empresas." O segundo ponto que Fernando levanta é, justamente, alguma desoneração tributária para a atividade. É devido aos altos impostos brasileiros, aliás, que o taxi aéreo no Brasil é mais caro do que o dos EUA.

Outro pleito do setor é mais acesso aos principais aeroportos. "No Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, são dados apenas 4 slots por hora para a aviação executiva, ao passo que para a aviação comercial são dados 40 slots por hora", queixa-se Lyra, da Abag (slot é um termo que significa o direito de uso da pista concedido a um avião). Por fim, as empresas da área também gostariam que as peças que importam, vitais para as aeronaves, fossem liberadas mais rapidamente nas alfândegas nacionais, evitando que seu aviões fiquem no chão por falta delas.

São vários os problemas apresentados, e, embora sejam reais, não empanam o brilho que a aviação executiva brasileira promete. Na Labace (que neste ano chega à 8ª edição e já é a 2ª maior feira do mundo no segmento), a força dos nomes que estarão presentes - National Freight, Cisa Trading, Air Lounge, Blue Sky, Comexport, Ser Trading, Embraer e outras - dá uma boa pista de que 2011 será o ano da aviação executiva no Brasil. 


Via:DCI

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